O americano Michael Costantino, 33, que nasceu sem a mão direita, fará sua estreia como boxeador profissional no próximo dia 27, em uma programação no Aviator Sports Complex, no Brooklyn, em Nova York. A luta fará parte de uma programação a ser transmitida por pay-per-view. Terá quatro assaltos, mas o rival precisa ser definido.
"Há anos queria fazer isso [estrear como profissional]. Desde pequeno faço esportes, como o futebol, atuava como atacante", explicou à Folha Costantino, admirador de Zico e Maradona, entre outros. "Definitivamete é mais difícil lutar com uma mão só, mas como durante toda a minha vida só usei a mão esquerda, ela se tornou bastante forte. Além disso, adaptei meu estilo para compensar. Aproveitei que sou baixo e procuro lutar só na curta distância [onde a falta de uma das mãos tem um impacto menor]."
Essa não é a primeira vez que Costantino sobe ao ringue. Ele já competira em duas edições de Nova York do Golden Gloves, mais prestigioso torneio amador de boxe. Chegou às quartas-de-final em uma oportunidade.
"Não houve complicações para conseguir a licença de boxeador junto à comissão atlética. Afinal, eles já sabiam do meu histórico como lutador. Sei que muita gente vai pensar que sou uma aberração que só quer chamar a atenção", diz, para na sequência elevar o tom de voz. "Mas o pessoal do boxe, que me viu lutar há até poucos anos, sabe da minha capacidade."
"Esse é um sonho que se torna realidade. Quero mostrar a todos que tudo é possível se você tiver força de vontade", explicou Constantino, que praticou boxe pela primeira vez aos 16 anos.
Outros lutadores portadores de deficiência já subiram ao ringue, com distintos graus de sucesso.
O surdo-mudo brasileiro Dilson Dutra foi lutador amador, participando de vários torneios.
Já Craig Bodzianowski perdeu uma das pernas em acidente de moto. Isso não o impediu de disputar o título mundial dos cruzadores pela Associação Mundial de Boxe. Perdeu apenas por pontos para Robert Daniels.