E se alguém morrer entre 11 horas e meio dia? Que morra!

24/09/2012 15:54 - Blog do Bob
Por Roberto Vilanova

Numa afronta à sociedade e à Justiça, os médicos da rede pública fazem uma greve de 1 hora entre 11 horas e o meio-dia de hoje.

Quem morrer nesse período por falta de assistência médica a família deve procurar “socorro” onde? Sim, porque omissão de socorro é crime ou não é?

O sindicato diz que não é greve e não é mesmo. Trata-se de afronta e desobediência civil. Como medida cautelar, quem for morrer entre 11 horas e meio-dia recomenda-se adiar a morte para a tarde, às 3, porque entre 11 horas e meio-dia os médicos não podem socorrer vocês.

Êita! Tá bom demais, sô. Daí para a anarquia é um lero só...

Cresça, estude, passe num concurso, vire funcionário público e grevista

Que tal esse conselho de um pai para o filho? Meu filho: cresça, estude, passe num concurso para funcionário público e vire grevista.

Ou, que tal essa resposta de um menino quando lhe perguntaram o que ele queria ser quando crescesse e ele respondeu que queria ser grevista.

Seriam dois exageros, sem dúvida, mas que tem cá muita coisa de realidade, pelo menos a realidade que a sociedade está vivenciando.

Onde já se viu médico fazer greve? Greve de médico é o mesmo que promover o genocídio em nome de um direito que está errado. Se o médico está em greve, então muita gente vai morrer à míngua.

Ou seja: pratica-se o homicídio indireto, sem o uso de arma de fogo, arma branca, ou outro instrumento de morte.

E a greve dos médicos-legistas? Significa que os cadáveres vão se amontoar, com risco de disseminação de epidemias causadas pela dissecação dos corpos ao relento.

É justo? É certo?

Dir-se-á que a greve é um direito. Muito bem; mas é imperioso que esse direito não fira o direito alheio porque, se ferir, deixa de ser direito e passa a ser abuso de poder – além de outras faltas graves.

É urgente que a Justiça aja com rigor para evitar esses abusos. Os médicos-legistas em greve devem buscar as melhorias salariais sem deixar de cumprir com a função profissional que, aliás, já se diferencia dentro da própria categoria.

O médico comum existe para salvar vidas e o médico-legista existe para garantir o enterro daquele que não pôde ser salvo ou pela contundência do ferimento, ou pela fatalidade de um acidente, etc.

Nessa bagunça em que se transformou as greves dos servidores públicos, se a Justiça não intervir para acabar com os absurdos, o resultado fatal será a sociedade ficar como refém de quem tem o poder de prender e não prende porque está em greve; de quem tem o poder de investigar e não investiga porque está em greve; de quem tem o poder de ensinar e não ensina porque está em greve e, o mais grave, de quem tem o poder de salvar e não salva porque está em greve.

Dá para aceitar isso?

É verdade que tudo não passa de consequência por ainda não se ter regulamentado o direito de greve. Mas, se esse direito de greve ainda não foi regulamentado na Constituição, isso se deve ao “lobby” exercido no Congresso Nacional pelos sindicatos de trabalhadores – que querem deixar tudo como está indefinidamente, para que possa manter acesa aquela chama de esperança: crescer, estudar, passar num concurso público e virar grevista.

E ser grevista, aqui pra nós, é bom demais...
 

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