Polícia encontra corpos de seis jovens desaparecidos no Rio

10/09/2012 09:17 - Polícia
Por Redação

Policiais militares encontraram, na manhã desta segunda-feira (10), os corpos dos seis jovens desaparecidos desde sábado (8), em Jacutinga, Mesquita, no Rio de Janeiro, segundo informou o comandante do 20º Batalhão da Polícia.

Os corpos foram encontrados por três pedreiros que realizam a ampliação da Rodovia Presidente Dutra. O jovens estavam lado a lado, enrolados em lençóis, na Rua Dona Delfina Borges, no bairro de Jacutinga, próximo à Via Dutra, em Mesquista. Eles estavam nus, amordaçados e com sinais de facadas e marcas de tiro, e serão levados para o Instituto Médico Legal (IML) do Rio.

"Eram umas 7h40 quando e eu meus amigos vimos estes lençóis sujos de sangue. Aí eu levantei e vi que eram corpos. Liguei para a policia e eles vieram aqui e fizeram a identificação dos meninos. Foi uma cena lamentável, eles estavam nus e bastante machucados", contou o pedreiro Ademir Antônio Arthur.

Segundo Tiago Batista, os corpos já estavam há pelos menos um dia no local. "Eles estavam fedendo e com marcas de tortura", completou.

Os rapazes foram identificados pela Polícia Civil como Christian Vieira, de 19 anos; Victor Hugo da Costa, Douglas Ribeiro e Glauber Siqueira, de 17; e Josias Soares e Patrick Machado, de 16.

A polícia acredita no envolvimento de traficantes no crime. O tio de Victor Hugo, o ajudante de pintor Antonio Alves da Costa Filho, no entanto, disse ao G1 que os rapazes, que se conheciam havia cerca de sete anos, nunca tiveram envolvimento com drogas.

Amigos e familiares contaram que o local onde eles foram mortos era um parque da prefeitura em que segundo moradores é muito comum ver bandidos da Chatuba armados com fuzil. Segundo eles, é o mesmo local onde um pastor teria sido morto neste domingo.

Anderson de Oliveira, morador, vizinho e amigo das famílias, disse também que os pais dos jovens tentaram ir ao parque procurar pelos jovens no domingo, e que foram recebidos a balas pelos traficantes.

Para a delegada que investiga o caso, Sandra Ornelas, a chacina foi uma demonstração de força de traficantes. "Nenhum dos meninos tinha passagem pela polícia ou envolvimento com o tráfico. Recebemos a informação de que a família entrou em contato com os traficantes pelo celular de uma das vítimas, mas eles disseram que não devolveriam os garotos. A família também pediu ajuda a um pastor para negociar, mas não deu certo. Eles estavam no lugar errado na hora errada", afirmou a delegada.

Ainda segundo Sandra, a família a princípio registrou o caso como desaparecimento e depois mudou para sequestro. "Pode ter sido vingança, mas eu acredito que tenha sido uma demonstração de poder. Foi um crime injustificável", explicou.

De acordo com moradores do bairro de Olinda, onde moravam todos os jovens, há cerca de quatro meses ocorre uma guerra de facção. "A cachoeira de Gericinó é uma área de lazer, mas por causa dessa briga entre os traficantes, a gente não pode nem se divertir", relatou uma moradora que não quis se identificar.

Protesto de amigos

Todos os jovens moravam na Rua Coronel França Leite, no bairro do Cabral, em Olinda, em Nilópolis, na Baixada. Na manhã desta segunda, dezenas de amigos e familiares chegaram a fechar a rua em protesto contra a chacina. Por volta de 11h30, a polícia chegou para liberar a via e foi recebida com gritos de "justiça".

Segundo vizinhos, amigos e parentes, os jovens não têm qualquer envolvimento com o tráfico.

O irmão de Patrick, Paulo Henrique, foi um dos que reconheceu os corpos. Segundo ele, todos os seis jovens estavam amarrados. Cristian estava com um dente quebrado e um tiro na testa. Glauco tinha cinco facadas no pescoço.

Paulo Henrique informou ainda que Josias foi encontrado com um tiro próximo ao olho e João Vitor foi morto com um tiro na cabeça. Famílias e amigos estão organizando um enterro coletivo.

Segundo o morador Marcio Moura, os jovens iam constantemente para este local tomar banho de cachoeira e soltar pipa. “Moro há 37 anos aqui, frequentava a cachoeira quando era jovem, tenho um filho quase da idade deles e nunca vi isso acontecer lá. Podia ter sido o meu filho. Eles vão soltar pipa lá para não correr o risco de enrolar nos fios, por uma questão de segurança”, explicou.

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