Perícia considera proveitosa reconstituição da morte de Falcão

04/09/2012 04:53 - Polícia
Por Redação
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Peritos afirmaram que foi muito proveitosa a reconstituição da morte do empresário Sérgio Falcão, realizada na tarde desta segunda-feira (3), no apartamento em que a vítima morava, na beira mar de Boa Viagem, no Recife. O trabalho durou cerca de três horas, e os profissionais deram poucas declarações à imprensa. Apenas o perito Jairo Lemos afirmou que, pela simulação, a empregada doméstica teria condições de ouvir o disparo que matou a vítima, informação que ela negou à polícia na semana passada.

O empresário Sérgio Barros Falcão foi encontrado morto no último dia 28 de agosto. A empregada, que estava na casa na hora da morte, disse à polícia que foi trancada na cozinha, quando o PM reformado Jaílson Melo, ex-segurança de Falcão, chegou. Ela contou que ouviu uma discussão e um barulho, que não teria associodo a um tiro.

A empregada doméstica, o porteiro do edifício 14 Bis, um homem que entregou roupas no apartamento, no dia do ocorrido, e Jailson Melo participam da simulação. Um homem representou o papel do empresário. Os delegados Joselito Kherle e Casemiro Ulisses, gestor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), também acompanham o trabalho. Só no local onde o corpo do empresário foi encontrado, foram feitas cinco simulações, duas delas considerando a hipótese de suicídio.

O PM reformado Jaílson Melo, de 53 anos, que prestava serviços eventuais como segurança do empresário e esteve no apartamento no dia da morte, falou com a imprensa antes da simulação e afirmou ser inocente. "Sou inocente, nunca tive esse problema na polícia nem ligado a esse fato. A Justiça vai me dar razão", falou. Ele chegou ao edifício, às 14h45, acompanhado dos advogados, após prestar depoimento no DHPP.

Três peritos do Instituto de Criminalística (IC), dois do Instituto de Identificação Tavares Buril (IITB) e dois delegados também participaram da reprodução simulada. Para a equipe, o fundamental era descobrir onde estavam exatamente o empresário e o ex-segurança no momento do disparo. "É o que vai nos dar o veredito se foi homicídio ou suicídio", explicou o perito do IC Sérgio Almeida, antes do trabalho começar.

A reconstituição iniciou a partir da chegada do segurança ao edifício. Jailson Gomes disse à polícia que chegou pela Rua Félix de Brito, onde fica a entrada lateral do edifício, e, como de costume, parou a moto e se dirigiu ao interfone. Só que, ao contrário das outras vezes, o porteiro teria dito que o empresário havia pedido para que o segurança entrasse com a moto e subisse. A partir desse ponto, os jornalistas não puderam mais acompanhar o trabalho.

Ao final da reconstituição, o delegado Casimiro Ulisses falou com a imprensa, e disse que o trabalho feito na tarde desta segunda foi bom. "A finalidade foi confrontar com os fatos, as informações de que nós já dispomos. Mas é um trabalho ainda inconclusivo. Os peritos fizeram algumas análises, e agora a reconstituição. Mas o resultado disso só virá depois", comentou.

Ainda segundo Ulisses, o rumo das investigações só deve ser definido com a chegada do resultado da perícia: "Nada muda, por enquanto. A polícia continua na posição em que está, de incerteza, quanto às mutilações, quanto à linha que deverá adotar, quanto às razões. Então foi uma reconstituição muito boa, mas ela não acrescenta, enquanto não tivermos o resultado pericial".

Ele explicou também que não foram tomados depoimentos durante a reconstituição: "Foi uma reconstituição mais de movimento do que de palavras. Na verdade, as pessoas que vieram fazer a reconstituição nada falaram que pudesse ser objeto de comentário, nesse momento".

Tese de suicídio é mantida

O PM reformado Jailson Melo prestou depoimento por cerca de três horas e meia, na sede do DHPP, nesta manhã. Acompanhado por dois advogados, o sargento reformado sustentou a tese de suicídio. "Foi suicídio, meu cliente não cometeu nenhum crime. Ele foi chamado por Sérgio Falcão, para vir armado ao apartamento. Lá, Sérgio abriu o notebook sobre uma mesinha de centro, para mostrar um site de armamentos. Quando o meu cliente se abaixou, a pistola apareceu na cintura dele, Sérgio Falcão pegou e atirou contra si mesmo", explica um dos defensores do PM reformado, André Fonseca.

Segundo os advogados, havia dois anos que Jaílson Melo prestava serviços eventuais de segurança para Sérgio Falcão.Os advogados foram os primeiros a deixar o prédio do DHPP, seguidos pela delegada Vilaneida Aguiar, titular do caso. "Foi muito importante o depoimento dele, mas não podemos dar muitos detalhes", resumiu a delegada. O suspeito deixou o prédio sem falar com a imprensa.

Nervosismo no elevador

Jailson Melo foi filmado pelas câmeras de segurança do circuito interno do Edifício 14 Bis, na Avenida Boa Viagem, onde Falcão morava e foi encontrado morto com um tiro na cabeça, no dia 28 de agosto. Nas imagens, ele aparece entrando no elevador - depois de ir até a casa do empresário - guardando uma arma na cintura. Melo também apresenta sinais de agitação e nervosimo, passando a mão na cabeça, errando os botões do elevador e se esquecendo do andar onde tinha estacionado sua motocicleta.

A polícia trabalha ainda com duas hipóteses: a de suicídio e de homicídio. Em pronunciamento realizado na última sexta-feira (31), a família do empresário descartou a possibilidade de suicídio como causa da morte. O advogado dos parentes, Ernesto Cavalcanti, contou que teve acesso ao laudo do exame nas mãos do empresário, que apontou que não havia resquícios de chumbo. De acordo com o laudo, a bala teria entrado no céu da boca e saído pela cabeça da vítima.

A família acredita que a morte tem causas financeiras, já que a Construtora Falcão estava numa crise, com 14 obras paralisadas, sendo dois prédios no Recife e 12 em Maceió (AL). A crise havia começado há quatro anos - Sérgio estaria em depressão profunda, sendo acompanhado por psquiatras e tomando remédio controlado.

A crise pessoal do empresário teria se intensificado após a separação da ex-mulher, que teria o impedido de ver o filho, de 4 anos. O empresário teria começado a se utilizar de guardas-costas após a crise financeira da empresa, por conta da situação em que vivia de atraso de obras. O corpo de Falcão foi enterrado no Cemitério Morada da Paz, em Paulista, no Grande Recife, na última quarta (29).

Fonte: G1 Pernambuco

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