Apesar de crise depressiva, família de Sérgio Falcão descarta suicídio

31/08/2012 09:33 - Polícia
Por Redação
Image

O advogado da família de Sérgio Falcão, em coletiva de imprensa na manhã desta sexta-feira (31), descartou a possibilidade de suicídio como causa da morte do empresário. De acordo com informações de Ernesto Cavalcanti, contratado pela família na quinta (30), apesar da crise financeira e conjugal em que vivia o dono da Construtora Falcão, ele não tinha tendências suicidas - também não teriam sido encontrados resíduos de pólvora na mão do empresário.

A causa da morte apontada pela família seria relacionada a questões financeiras. Falcão foi encontrado morto na terça-feira (28) em seu apartamento de luxo na Avenida Boa Viagem, na Zona Sul do Recife. O principal suspeito é o ex-segurança do empresário que foi filmado pelas câmeras de segurança entrando e saindo do prédio no dia da morte.

Sérgio Falcão vivia uma crise nos negocios há quatro anos, quando seu pai, fundador da construtora, morreu - a empresa estaria com 14 prédios em construção com obras praticamente paralisadas, sendo dois no Recife e 12 em Maceió (AL). Nos últimos meses, o empresário vivia uma depressão profunda, acentuada pelo fim do relacionamento com sua ex-esposa, com que tinha um filho de apenas 4 anos. Há dois meses, quando a mulher deixou a casa onde morava com Sérgio, ele não via a criança.

Apesar de toda a situação, o advogado informou que psiquiatras que acompanhavam a crise depressiva de Sérgio afirmam que ele não demonstrava tendências suicidas e sempre falava que ia superar a crise. "No momento da necrópsia, veio a dúvida, por conta da entrada da bala. Mas os fatos e as imagens que saíram na mídia não deixam dúvidas que foi um homicídio. Ele nunca teve uma história de violência, tinha uma ótima relação familiar", contou Ernesto Cavalcanti.

O principal suspeito de cometer o crime seria um ex-segurança de Sérgio Falcão. Segundo a família, o empresário teria começado a se utilizar de guardas-costas após a crise financeira da empresa, por conta da situação em que vivia de atraso de obras. "A família sempre soube que ele passou a usar seguranças, vendo ele acompanhado nos aniversários de sobrinhos, por exemplo. Mas nunca questionou quem eram essas pessoas. Ele não tinha armas em casa", informou o advogado. Diante dessa situação, a família acredita que é provável que o crime tenha relação com algum tipo de dívida.

Os parentes de Falcão também descartam a possibilidade de crime passional. O ex-segurança, que seria de fato o autor do crime segundo o advogado, estaria com depoimento marcado no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) na próxima segunda-feira (3). Familiares do empresário, entretanto, não acreditam que ele vá comparecer. "Com a divulgação das imagens que mostram ele nervoso, testa franzida, acho difícil ele ir. Acredito que, se isso acontecer, a polícia deve pedir um mandado de prisão", falou Ernesto Cavalcanti

O suspeito do crime é um homem que teria prestado serviços esporádicos de segurança para o empresário. De acordo com Cavalcanti, ele já teria ido ao apartamento destinado a matar Falcão, já que a perícia não detectou sinais de luta corporal e por conta do pouco tempo que ele passou dentro do imóvel. "Em 7 minutos, que foi o tempo que ele ficou dentro do apartamento de Sérgio, não dá para haver uma grande discussão", defendeu.

Imagens do circuito de segurança

A polícia divulgou na quinta (30), as imagens das câmeras de segurança do prédio. Na gravação, aparece toda a movimentação do ex-segurança. Até agora o nome dele não foi divulgado pela polícia. Nesta sexta (31), novos depoimentos sobre a morte do empresário Sérgio Falcão estão previstos. A delegada Vilaneida Aguiar, que está assumindo o caso, deve começar a ouvir parentes da vítima, além de porteiros do edifício.

A polícia já ouviu, na quinta, a empregada doméstica que estava no apartamento quando o empresário levou o tiro. Ela afirmou que a vítima agiu de maneira diferente do habitual no dia de sua morte. O delegado Wagner Domingues disse que o depoimento da empregada auxiliou a saber quando aconteceu o fato, o comportamento da vítima, o relacionamento dela com outras pessoas e quem tinha acesso ao apartamento. A empregada informou em depoimento que no dia da morte ela teria ouvido um barulho que parecia com um móvel sendo arrastado e depois caindo, mas não teria dado importância. O caso está sendo investigado pelo DHPP.

Homicídio ou suicídio?

As duas hipóteses estão sendo estudadas pela polícia com igual peso. "É 50% para cada. A gente só vai poder definir que linha adotar depois dos laudos papiloscopistas e do Instituto de Criminalística, além de outros resultados da investigação. O trabalho da perícia é fundamental, os depoimentos também são importantes, mas nesse caso a gente precisa essencialmente das provas periciais", explicou o delegado Domingues.

Resultados preliminares da perícia do Instituto de Identificação Tavares Buril (IITB) dão conta de que os seis fragmentos de digitais encontrados no apartamento não eram da vítima. Os peritos devem apresentar em até dez dias o resultado do estudo para saber de quem são as digitais.

O laudo de resíduo de chumbo nas mãos da vítima já foi feito, mas o Instituto de Criminalística (IC) afirmou que só vai fornecer o resultado quando terminar os outros estudos que estão sendo feitos para desvendar o que aconteceu no apartamento. O laudo do IC deve levar ainda 15 dias para ser divulgado. A arma do crime ainda não foi encontrada.

Impressões digitais são analisadas

O delegado Wagner Domingues afirmou que as perícias feitas no apartamento e os exames no corpo de Sérgio serão importantes para definir a linha de investigação. “Nesse caso a gente depende necessariamente das provas periciais”, explicou. “Os depoimentos podem ajudar para esclarecer como era a vida da vítima, como era a rotina dele. Durante esse primeiro depoimento, por exemplo, ficamos sabendo que ele não possuía uma arma. Nunca ninguém viu uma arma no apartamento”, disse. “Continuamos a acreditar em homicídio ou suicídio”, falou.

As seis impressões digitais encontradas em vários cômodos do apartamento também já foram analisadas. “O que podemos concluir agora é que nenhuma delas são da vítima. Através das análises vamos saber a quem pertencem e repassar para os delegados. Assim eles podem ser intimados para depor”, explicou o perito Márcio Mendes, do Instituto Tavares Buril.

No dia do crime, as câmeras de segurança do edifício registraram a entrada e a saída de um ex-funcionário do administrador. De acordo com a polícia, as imagens só mostram que esse homem estava armado na fuga. “Nesse momento é possível identificar que ele está muito nervoso e colocava uma arma na cintura”, explicou Wagner Domingues. O ex-empregado passou 19 minutos dentro do prédio.

A administração do Edifício 14 Bis colocou nos elevadores uma carta de condolências para a família de Sérgio Falcão, onde registrou também que as imagens do sistema de segurança foram colocadas à disposição da polícia. “Expressamos nossas mais sinceras condolências à família do Sr Sérgio Barros Falcão por seu súbito falecimento. Queremos também comunicar a todos os moradores que o nosso sistema de segurança se mostrou eficaz e que as filmagens produzidas pelas câmeras de segurança foram colocadas a disposição da polícia a fim de contribuir para a conclusão do inquérito”, diz o comunicado.

O caso

O empresário Sérgio Barros Falcão foi encontrado morto em seu apartamento, na Avenida Boa Viagem, área nobre da Zona Sul do Recife, no começo da tarde da terça (28). As câmeras de segurança do prédio mostraram o ex-segurança do empresário, um policial militar reformado, chegando de moto ao local e subindo para o apartamento.

A empregada, que estava na casa, disse à polícia que foi trancada na cozinha e ouviu uma discussão e um barulho que, a princípio, não associou a tiro. As câmeras mostraram também o ex-segurança deixando o apartamento e colocando uma pistola na cintura.

O corpo foi enterrado no Cemitério Morada da Paz, em Paulista, no Grande Recife, nesta quarta (29). A família pediu que os jornalistas ficassem distantes.

Sérgio era dono da construtora Falcão, com atuação em Pernambuco e Alagoas, empresa que, segundo a polícia, vinha atravessando problemas financeiros.

Comentários

Os comentários são de inteira responsabilidade dos autores, não representando em qualquer instância a opinião do Cada Minuto ou de seus colaboradores. Para maiores informações, leia nossa política de privacidade.

Carregando..