A greve continua: a elite cobra a fatura e Dilma se mantém incoerente (quem está errado?)

20/08/2012 15:22 - Adrualdo Catão
Por Adrualdo Catão
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FHC é odiado pela grande maioria dos funcionários públicos não sem razão. Quando se olha para as vantagens absurdas a que nós tínhamos direito tempos atrás, hoje podemos dizer que perdemos muito. Falo na segunda pessoa do plural, pois não deixo de me incluir entre essa elite que forma o funcionalismo público de alto nível no Brasil.

Só para dar um exemplo. Antes, os funcionários que ocupavam cargos em comissão durante um certo tempo, incorporavam ao salário base aquele valor a mais que recebiam. Assim, se o salário fosse R$4000,00 e ele ganhasse mais R$2000,00 por uma determinada função, passados cinco anos nessa função, seu salário iria para R$6.000,00. Portanto, ao ocupar a mesma função, ganharia imediatamente R$8.000,00. Hoje não é mais assim, mas ainda há muitos funcionários que recebem valores incorporados, integrados que estão ao seus direitos adquiridos.

Ao acabar com essa mamata e com muitas outras, FHC ainda hoje é odiado pela maioria dos funcionários públicos. FHC também deu um arrocho e, como forma de conter várias crises e estabilizar a economia, não chegou a manter um estado enxuto, mas evitou grandes aumentos salariais e contratações.

Lula, por outro lado, aproveitou a bonança econômica e gastou. Aumentou as contratações e os salários. Ganhou a simpatia daqueles que estão já no serviço público e daqueles que formam a classe dos concurseiros, que querem estar lá. Esse pessoal, todavia, não percebeu algumas coisas importantes. Lula deu aumentos maiores a carreiras específicas. Criou uma elite dentro da outra. Ademais, investiu pesado nos cargos em comissão o que, obviamente, desprestigia os concursos e concurseiros.

Mesmo assim, votaram todos em Dilma, na vã esperança de que a farra de aumentos e contratações iria continuar. Era o que Dilma prometia! O que cobram os funcionários públicos em greve? Coerência! Por falta de coerência hoje estamos vendo tantas greves envolvendo carreiras com ótima remuneração. Tirando os professores, que formam a base da elite, temos gente protestando por ter um salário de R$ 6.000,00. Outros protestam porque recebem o absurdo vencimento de R$ 10.000,00.

É complicado defender esses pleitos perante uma população que não chega nem perto de receber esses salários! E são eles, justamente os mais pobres, que pagam essa conta com altos impostos!

Funcionários públicos estão acostumados com o paraíso estatista e elitista promovido por Lula, que desprestigiou a base do funcionalismo público e proporcionou uma verdadeira farra de aumentos para determinadas carreiras. Agora que a realidade aparece, está feita a confusão. IFES estão há três meses em greve. Várias categorias do Executivo embarcam nas paralisações e, para piorar, os servidores do Judiciário também parados.

Como todos sabem, sou contra greves no serviço público. Acho que a maioria dos pleitos salariais é completamente sem sentido. Nós, funcionários públicos, ganhamos, em média, mais que o setor privado e ainda temos várias garantias, entre elas, a de termos estabilidade! Só isso já seria suficiente para justificar um salário menor.

Ocorre que esta elite votou no PT esperando aumentos. Não querem saber de crise. Dilma, que fez demagogia antiliberal, hoje, em desespero, usa eufemismos para esconder sua privatização e fecha a porta da negociação com os servidores.

Quem está certo nesta briga? Ninguém! Todos estão errados, mas quem paga é o cidadão, que não pode entrar em greve contra os impostos.

No Brasil de hoje, ser funcionários público é mais vantajoso que ser empreendedor. Queremos um país assim? 

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