Com o objetivo de reduzir os altos índices de violência no Estado, o governo pretende lançar, ainda em junho, o Plano Nacional de Segurança Pública, projeto piloto do Governo Federal. Enquanto as medidas não são apresentadas, os questionamentos a respeito dos “itens” do plano começam a surgir.

Segundo o presidente do Conselho Estadual de Segurança (Conseg), Paulo Brêda, “a ideia básica do Plano Nacional deveria contemplar a presença do Estado nas comunidades carentes com polícia comunitária, saúde, educação integral e assistência social com a clara intenção de não deixar ninguém desassistido”.

Dados revelam que a maioria dos crimes cometidos em Alagoas está relacionada ao tráfico de drogas. “A constante entrada dos jovens no mundo das drogas e o crescimento do tráfico formam uma cascata de violência difícil de combater. Para que as ações sejam de fato mais eficazes o governo deve estar mais presente na fonte dos problemas. O crime urbano é decorrente do tráfico e não há como combater sem a presença do estado”, disse o presidente do Conseg.

Brêda afirmou ainda que é preciso “pensar num trabalho intenso de renovação e ampliação das forças policiais. A Conferência Nacional de Segurança Pública já mostrou alguns caminhos que podem ser seguidos. Precisamos repensar os quartéis. São estruturas caras e só se justificam em tempos de guerra. Esse arcabouço tira os policiais das ruas. A polícia deveria funcionar como qualquer repartição pública”, declarou o presidente do Conselho Estadual de Segurança.

Uma sugestão que vem dando certo e que poderia ser estudada é a presença da polícia comunitária, segundo Brêda. “Essas unidades formam um elo entre o estado e a comunidade. Prestigiando uma equipe multidisciplinar onde com profissionais da área da saúde, educação e outros setores o trabalho ficaria mais humanizado e próximo de todos os integrantes da comunidade”, colocou.

Ações emergenciais

Para o delegado da Polícia Federal Antonio Miguel, medidas emergenciais, como melhorar o patrulhamento em áreas críticas, devem ser adotadas para conter o avanço da violência em Alagoas. Mas, esse tipo de ação, se não tiver continuidade e não estiver atrelado a políticas públicas, que englobem saúde, educação e geração de empregos, não atingirá o resultado esperado, alerta a autoridade policial.

“É importante dizer que nada se resume a medidas policiais”, disse Miguel acrescentando que o trabalho realizado em comunidades do Rio de Janeiro pode servir de molde para Alagoas. “É importante a presença da Polícia no primeiro momento para ‘apagar o fogo’, depois são necessários professores, médicos e psicólogos”, opinou.

Para o patrulhamento de pontos chaves do estado, o delegado federal defende que seja feito um mapeamento das áreas críticas, como entradas e saídas de cidades, e definir a partir daí o trabalho a ser feito. Miguel colocou ainda que é preciso investir na estrutura da Polícia Civil para que as equipes possam ter melhores condições de trabalho.

“Atuação policial não elimina violência. Hoje não se tem uma política de segurança integrada, hoje se age pela demanda e, com isso, se perde o controle diante da criminalidade. Temos que fazer uma prevenção mais ampla, o que passa pela Educação, geração de emprego, apoio às famílias com dependentes químicos. Em segurança pública, medidas imediatas não resolvem o problema da criminalidade, são necessários muito trabalho e investimento”, finalizou o delegado.