Em menos de uma semana a Rua Sergipe, em Higienópolis, bairro de alto padrão na região central de São Paulo, sofreu dois arrastões a restaurantes e um roubo a veículo. Segundo a Polícia Militar, o alvo mais recente dos criminosos foi o restaurante Carlota. Pelo menos cinco homens armados invadiram o local no início da madrugada, por volta da 1h desta sexta-feira (1º), renderam funcionários e roubaram carteiras, bolsas, telefones celulares, joias de clientes e o dinheiro do caixa. Uma hora depois, um carro foi roubado na mesma rua. O número de vítimas não foi divulgado.
Em cinco dias, esse foi o segundo ataque a estabelecimento comercial na Rua Sergipe. No domingo (27), seis assaltantes com armas levaram os pertences de cerca de 30 pessoas que estavam jantando na pizzaria Braz.
Em todos os três casos, a Polícia Militar foi chamada, mas chegou depois dos crimes. Nenhum cliente teria ficado ferido nos ataques. Os roubos foram registrados no 78º Distrito Policial, nos Jardins, mas serão investigados pelo 4º Distrito Policial. Até por volta das 11h30, a Polícia Civil não havia identificado ou prendido nenhum suspeito.
Reforço no policiamento
Devido aos crimes cometidos em poucos dias na Sergipe, o 7º Batalhão da PM, que fica na Avenida Angélica, próximo à rua, informou ao G1 que irá reforçar o policiamento nas áreas que concentram bares e restaurantes em Higienópolis. O batalhão também é responsável por patrulhar os bairros dos Jardins, Consolação e Santa Cecília.
Para a PM, a quadrilha que praticou o arrastão ao Carlota pode ter sido a mesma que roubou o Braz. “Como esse roubo de agora ao restaurante Carlota ocorreu na mesma rua onde houve um outro caso parecido, no assalto a pizzaria Braz, achamos que os dois crimes tenham tido a atuação de uma mesma quadrilha. O modus operandi está caracterizado pela quantidade parecida de criminosos”, disse na manhã desta sexta ao G1 o tenente-coronel João Luiz de Campos, comandante do 7º BPM.
Segundo o comandante, no entanto, o que ocorreu nos dois estabelecimentos comerciais não pode ser encarado como um arrastão. “Arrastão é quando criminosos se movimentam em linha fazendo várias vítimas em sequência, se deslocando no espaço. Não foi o que ocorreu nos restaurantes. O que ocorreu foram roubos praticados dentro de um mesmo espaço físico. Não houve deslocamento. O nome arrastão choca e pode causar alarde na população que não corresponde à realidade”, afirmou o tenente-coronel Campos. “Mas independentemente disso, estamos reforçando a segurança nas áreas de bares e restaurantes da região”.
“Vamos adotar medidas pontuais. Vamos reforçar o policiamento, dobrando o efetivo nas ruas”, disse o capitão Genivaldo Antonio, coordenador operacional e porta-voz do 7º BPM, que alegou motivos de estratégia para não divulgar o número de policiais que estarão nas ruas. “Também vamos nos reunir com os representantes de bares e restaurantes, discutir com eles medidas de segurança a serem tomadas, como a implantação de câmeras e sistemas de monitoramento em todos os estabelecimentos, posicionar os caixas onde haja filmagem e gravação, por exemplo”.
Segundo a PM, as informações obtidas pelos policiais militares a respeito das características das quadrilhas que atacaram os restaurantes na Rua Sergipe serão passadas para a investigação da Polícia Civil. Não há dados se o Carlota ou o Braz possuem câmeras de segurança que teriam gravado as ações criminosas.
Restaurante roubado
O G1 tentou contato com os responsáveis pelo Carlota . No estabelecimento, um funcionário informou não saber se o local abrirá para o público nesta sexta. A equipe de reportagem entrou em contato com e-mail com a gerência e aguarda retorno.
O Carlota pertence a chef e empresária Carla Pernambuco. O restaurante é especializado em cozinha multicultural. Carla é consultora e escreve para revistas voltadas à gastronomia.
Procurado para falar sobre os arrastões a restaurantes em Higienópolis, Joaquim Saraiva, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de São Paulo (Abrasel-SP), afirmou que os estabelecimentos comerciais estão tomando medidas de segurança. "Eles estão instalando mais câmeras, iluminando as fachadas e orientando porteiros e clientes sob práticas seguras a serem adotadas", disse Saraiva.
"Mas acho que um reforço da polícia é necessário. Contudo, acho que ele não dever ocorrer só em Higienópolis, mas em toda a cidade. Policiamento sempre é bom. Esperamos que os cliente não se apavorem e não tenham medo porque a cidade não pode parar", concluiu o presidente da Abrasel.