O assassinato do médico José Alfredo Vasco Tenório, de 67 anos, ocorrido na tarde de sábado por dois assaltantes que tentavam levar a bicicleta da vítima desencadeou uma reação forte da população alagoana, que por meio de emails e mensagens nas Redes Sociais vem marcando um grande protesto na noite da próxima terça-feira na Praça Vera Arruda, local da morte do médico.

Durante o sepultamento de José Alfredo, amigos e familiares não escondiam a revolta e alguns diziam que o acontecido era uma crônica anunciada já que havia várias denúncias sobre o abandono da segurança pública no local.

O Cadaminuto constatou que várias viaturas da polícia militar passaram a fazer rondas na Praça Vera Arruda durante o domingo, em um determinado momento, dois destes policiais chegaram a ser hostilizados por pessoas que estavam na Praça com frases como: “Foi preciso acontecer uma tragédia para vocês virem”.

Nas redes sociais as mensagens se dividiam entre a responsabilização da atual gestão estadual a frases que diziam que foi preciso que a violência atingisse uma área nobre da cidade para que houvesse reação. Chegou-se a criar um grupo no facebook com os dizeres do ex-secretário de segurança, José Amaral. “Bandido bom é bandido morto”, mas o tópico foi removido da Rede Social.

Todos os limites da violência

O mapa da violência feito pela ONU em 2010 é devastador em relação ao Estado, ele mostra que as últimas quatro gestões perderam a luta contra a violência e os índices dispararam paulatinamente até chegaram a mais de 60 mortes por 100 mil habitantes. Alagoas é o único lugar do Brasil com este índice.

Enquanto o relatório aponta que nos lugares onde houve diminuição da violência, como é o caso de São Paulo, a participação da prefeitura é fundamental, em Alagoas existe uma transferência de responsabilidades e pouca ação prática para a diminuição destes números.

O discurso oficial do Estado insiste em dizer que os números foram estabilizados, mas cada relatório divulgado contra a violência, por qualquer instituição, apresenta resultados devastadores e números cada vez mais surpreendentes.

O problema é tão grave que o sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, autor de um dos estudos sobre a violência, aponta o Estado de Alagoas como um dos responsáveis pela manutenção dos altos índices de violência no Brasil.

Coletando dados no período de 19997 a 2007 o Estado de Alagoas disparou na liderança de número de homicídios com uma taxa de 59,6 para cada 100 mil habitantes.

Em relação às capitais e cidades o quadro é ainda pior, Maceió ultrapassou Recife como a capital mais violenta com 97,4 para cada 100mil, se tornando a oitava do Brasil com mais homicídios,na nona posição se encontra Arapiraca, com 96,3, tornando Alagoas o único Estado a ter 2 cidades entre as 10 primeiras.

Provando que a violência vem se interiorizando outras duas cidades alagoanas passam a fazer parte do grupo dos 100municípios onde mais se mata no Brasil. Rio Largo em 33 ° e Messias na 60°.

Participação da população

"Polícia na rua, polícia comunitária perto da população, trabalho social envolvendo organizações não-governamentais, sociedade civil, desarmamento e investigação trazem resultados", com esta frase Guaracy Mingardi, pesquisador direito FGV que participou do estudo Mapa de Homicídios mostra formulas para se combater a violência urbana.

"A prefeitura que sabe o que está acontecendo, a prefeitura que conhece as áreas de riscos, ela investe nisso. Criaram programas sociais para prevenção de homicídio, programas de iluminação em áreas perigosas" explicou o sociólogo.

O problema é que em ano eleitoral a politização do tema traz poucas chances de uma discussão racional sobre a melhora da situação, enquanto os três atores , governos estadual, municipais e até o federal se acusam e transferem a responsabilidade uns para o outro, Alagoas vem batendo todos os recordes de violência, não é de hoje, e por enquanto, não parece que esta liderança será mantida por muito tempo.