Thor Batista, de 20 anos, filho do empresário Eike Batista, discutiu, na tarde de quinta-feira (10), com uma seguidora de seu Twitter sobre o atropelamento do ciclista Wanderson Pereira dos Santos no dia 17 de março. Thor atropelou e matou o ajudante de caminhão na pista sentido Rio da rodovia Washington Luís, nas proximidades do distrito de Xerém, na Baixada Fluminense.
O bate-boca na rede social começou quando Thor fez um comentário sobre uma notícia de que uma mulher, com sinais de embriaguez e sem carteira de motorista, atropelou um ciclista no Espírito Santo.
_Em dois dias não será publicada mais uma notícia sequer.
Sobre o comentário do empresário, uma internauta escreveu:
_Mas essa mulher certamente será punida pelo que fez, ao contrário do que aconteceu com você...
Thor não gostou e revidou dizendo que a mulher estava bêbada, não tinha carteira de habilitação e tentou fugir.
_Ela estava bêbada (eu fiz bafômetro e deu 0,0, tenho o comprovante), ela não tem CNH (a minha continua válida até o dia em que o Detran instaurar um processo e suspender a carteira e isso ainda não aconteceu). Ela tentou fugir (eu prestei socorro).
Na época do acidente, policiais rodoviários federais informaram que Thor dirigia um Mercedes Benz McLaren prata, placa EIK-0063, que teve a parte da frente destruída. A vítima estava em uma bicicleta e morreu na hora. O caso foi registrado na Delegacia de Xerém (61ª DP) como homicídio culposo, ou seja, sem a intenção de matar.
Laudo preliminar aponta que Thor não trafegava pelo acostamento
O laudo preliminar da perícia, encaminhado à 61ª DP, apontou que Thor não trafegava pelo acostamento da BR-040, como chegou a acusar a família do ajudante de caminhoneiro. O documento diz ainda que Santos empurrava a bicicleta, enquanto atravessava a rodovia.
O laudo informa também que Santos carregava uma sacola plástica com latas de cerveja. Os objetos foram encontrados no para-brisa do carro. Dias depois do acidente, Thor havia publicado no Twitter versão semelhante à que foi apontada pela perícia: "Vinha na faixa esquerda com muito cuidado, sem ao menos dialogar com o meu carona, repentinamente um ciclista atravessou do acostamento do lado direito até o meio da faixa esquerda, onde trafegam veículos".
O laudo ainda não tem informações sobre a velocidade do carro. Os peritos encontraram dificuldades de chegar ao dado porque não têm parâmetros para analisar o desempenho do Mercedes McLaren e pediram informações à Mercedes, fabricante do veículo. O modelo tem capacidade de frenagem superior e é mais baixo do que os carros convencionais, o que dificulta a realização dos cálculos que indicariam a velocidade.
Na semana passada, o delegado Mario Arruda, que investiga o caso, pediu ao Ministério Público Estadual a prorrogação do prazo para a conclusão do inquérito que apura o atropelamento do ciclista. A falta de informações sobre a velocidade do carro foi o principal argumento para pedir o adiamento de 30 dias para concluir o inquérito. No fim de março, teste realizado do sangue de Santos revelou que havia a concentração de 1,55 grama de álcool por litro de sangue. O máximo tolerado pelo Código de Trânsito Brasileiro é de 0,2 grama de álcool por litro de sangue.
Ferrari apreendida
A Ferrari de Thor foi retirada de um depósito do Detran, em Curicica, na zona oeste do Rio, na tarde de quarta-feira (9), após ser apreendida quando o empresário foi parado em uma blitz na Barra da Tijuca, no domingo (6). O carro estava sem a placa dianteira. Além disso, a Ferrari circulava irregularmente no Rio, já que o veículo foi transferido para o interior de São Paulo e ainda tinha uma placa da capital fluminense, segundo o Detran.
De acordo com o Detran, o débito de R$ 117,12 referente a três diárias do carro no depósito, foi pago.
O Detran informou que o carro foi multado em R$ 191,54 por não trafegar com a placa dianteira. Como ainda cabe recurso, o órgão não informou se a multa foi paga.
Veja as fotos da Ferrari isolada no depósito
Após apreensão de Ferrari, Thor corre risco de ter CNH suspensa
De acordo com o órgão, no dia em que o carro foi recolhido, o sistema do Detran estava fora do ar. Quando os computadores voltaram a operar, verificaram que a Ferrari havia sido transferida para Ribeirão Preto (SP), para o nome de uma empresa daquele município, no dia 25 de abril deste ano, portanto, a única placa do carro está sendo usada indevidamente.
O Detran informou ainda que a situação de Thor se enquadrava no artigo 221 do Código Nacional de Trânsito, que diz "portar no veículo placas de identificação em desacordo com as especificações e modelos estabelecidos pelo Contran".
Nesse caso, a infração é considerada como média e prevê o pagamento de multa. Segundo o órgão, a multa para a irregularidade é de R$ 85,13, além de receber quatro pontos na carteira.