A quantidade de maconha apreendida, em operações das Polícias Federal e Rodoviária Federal, de janeiro até abril deste ano, já é quase equivalente ao que foi retirado de circulação em 2011 pelas duas instituições em Alagoas. As apreensões reforçam que, além do mercado para consumo interno, o estado está na rota de passagem para que a droga chegue a outras localidades do Nordeste.
De acordo com o delegado Ramon Santos Menezes, da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) da PF, Alagoas figura como caminho para a venda de drogas até os estados do Rio Grande do Norte e Ceará. “A rota se dá pelas BR-101 e 423, esta última passando pelo Sertão de Alagoas”, colocou.
Menezes explicou ainda que, mesmo com a intensificação na fiscalização das rodovias federais, como as fronteiras do País estão fragilizadas, a droga entra com mais facilidade no território brasileiro e é vendida nos estados. “Hoje está muito mais fácil a compra de droga em lugares como o Paraguai. Hoje, um grupo pequeno se organiza, compra e se articula para fazer a distribuição”, frisou o chefe da DRE.
Servindo como rota, Alagoas não se priva do consumo interno da droga. Menezes revelou que há investigações que apontam o cultivo de maconha no Sertão de Alagoas, mais precisamente na cidade de Mata Grande. “Temos um grupo em Brasília que faz o monitoramento e nos repassa informações sobre o que é apurado. Inclusive nessa região são feitos sobrevoos”, colocou.
Prisões e valores
Mesmo com a prisão de pessoas que transportam a droga (12 esse ano), poucas informações são repassadas à Polícia, que possam ajudar nas investigações. Para o delegado, isso se dá por medo de uma reação por meio dos “contratantes”, que pagaram pelo serviço.
O valor pago para o transporte da droga varia de acordo com a quantidade, distância percorrida e tipo de entorpecente. Menezes afirma que quando a droga é transportada em veículos, o valor varia entre R$ 5 mil e 10 mil. Para as pessoas que levam entorpecentes em ônibus, o preço vai de R$ 2 mil a R$ 5 mil. “O motorista do caminhão, preso em Arapiraca, receberia R$ 10 mil”, lembrou o delegado referindo-se à apreensão de 804 quilos de maconha, que estavam escondidos em meio a uma carga de móveis.
A pena aplicada a quem transporta drogas é a mesma imputada ao traficante, variando de 5 a 15 anos de prisão.
Perfil
O delegado revelou que não há um perfil traçado das pessoas usadas para transportar drogas. Uma das poucas características comum a todos os presos é que eles são atraídos pela promessa de dinheiro fácil. Menezes disse que há homens e mulheres de todas as idades flagrados pela Polícia na atividade ilícita.
“Realmente a grande maioria é homem, mas dá para dizer que tem uma idade, por exemplo. Tivemos presos com mais de 60 anos e pessoas mais jovens também”, afirmou Menezes complementando que, na maioria das vezes, os contratados não sabem exatamente a quem deverão entregar a droga. “A conversa é sempre a mesma, quando eles são presos, mas temos observado que a orientação é dada para procurar alguém em um determinado lugar, mas sem citar nomes”, acrescentou.
Apreensões de maconha no mês de abril em operações da PF e PRF:
04/04: 70 quilos em São Miguel dos Campos
17/04: 72 quilos em Delmiro Gouveia
25/04: 804 quilos em Arapiraca
27/04: 78 quilos em Teotônio Vilela