O advogado Fernando Maciel, que atua na defesa do delegado da Polícia Civil Haroldo Lucca, acredita que o pedido de prisão em desfavor do seu cliente não era necessário diante das primeiras informações contidas no inquérito policial que apura o sumiço de R$ 900 mil em cheques. Há a expectativa que Luca seja solto hoje após passar quase duas semanas atrás das grades.

De acordo com o advogado, as provas contidas no inquérito são questionáveis, já que diversas informações apontam que a contagem dos valores apreendidos na operação Espectro foi rudimentar. “Se o delegado não sair hoje vamos entrar com um habeas corpus no Tribunal de Justiça de Alagoas. Vamos alegar inconsistências das provas. São vários pontos questionáveis”, garantiu o advogado.

Hoje vence o pedido de prisão em desfavor do delegado decretado pela 17ª vara criminal. Ele é acusado de ter desviado vários cheques apreendidos na operação Espectro. ”Como é que acusam meu cliente disso se até as autoridades não sabem valores, numeração e outros dados dos cheques. Repito, a contagem foi realizada com uma calculadora de celular. Totalmente rudimentar”, alertou o advogado.

O prazo de prisão temporária de Haroldo Lucca termina nesta quinta-feira. Segundo o juiz Sandro Augusto, da 17ª Vara Criminal da Capital, responsável pelo mandado de prisão, há um aguardo dos magistrados para um pronunciamento dos delegados. “A prisão temporária se encerra hoje e ele será liberado. Mas estamos nesse aguardo e se caso seja solicitada a prisão preventiva, iremos analisar”, confirmou.

O delegado Haroldo Lucca Gonçalves, chefe da Delegacia de Combate aos Crimes contra Ordem Tributária e Administração Pública (Decotap) que estava no comando das investigações da Operação Espectro, desencadeada pelo Grupo Estadual de Combate às Organizações Criminosas (Gecoc), do Ministério Público foi preso no dia 24 de abril, acusado de envolvimento no sumiço dos cheques apreendidos durante a ação policial que ocorreu em março deste ano e deve responder pelo crime de peculato (uso da função pública em favor próprio).

A prisão decretada pela 17ª Vara Criminal da Capital foi solicitada pela delegada Ana Luiza Nogueira, da Divisão Especial de Investigação e Capturas (Deic). Segundo a assessoria de comunicação da Polícia Civil, Haroldo Lucca foi detido em sua residência por agentes da PC. Além do delegado, foram presos Marcos Gomes Pontes, que é corretor de imóveis; Márcio de Magalhães, comerciante; e Cássio Felipe de Moura, autônomo.

De acordo com as investigações da Deic, os cheques foram retirados pelo delegado e utilizados numa transação comercial. A representação pela prisão dos envolvidos foi assinada pelos diretores da PC.