A grande expectativa na segunda audiência sobre a morte da estudante Giovanna Tenório, que acontecerá a partir das 13h30 desta segunda-feira (23), no Fórum do Barro Duro, em Maceió, é quanto ao depoimento da amiga da vítima, Meiry Emanuella de Oliveira Vasconcelos, conhecida como Manu.

A jovem foi citada nos depoimentos de outras testemunhas como uma amiga bem próxima a Giovanna e que tinha envolvimento com o tráfico. Inclusive, Manu já teria utilizado o celular da vítima para negociar drogas com traficantes, chegando a pedir dinheiro emprestando à estudante. A amiga foi a pessoa que teria apresentado Giovanna Tenório a Toni Bandeira, um dos investigados pela polícia por participação no brutal assassinato.

Durante a primeira audiência, uma testemunha afirmou em depoimento que Manu era constantemente companhia de Giovanna em farras noturnas e que a vítima ainda teria pego drogas entregues no seu prédio para Manu, além de ter que arcar com algumas dívidas da amiga.

Além dela, Mirella Granconato será ouvida pelo juiz Maurício Brêda. Ela foi denunciada pelo Ministério Público – e segue recolhida no presídio feminino Santa Luzia – acusada de autoria intelectual no crime. Segundo a defesa, a expectativa é de que o depoimento de Manu ajude a comprovar a inocência de Mirella.

“Nossa esperança é de que a Manu conte à justiça tudo o que sabe e assim surja outra linha de investigação. Elas eram amigas e pode trazer a tona indícios importantes para mostrar a inocência da minha cliente”, colocou Raimundo Palmeira.

O advogado disse ainda que em alguns depoimentos durante a primeira audiência, Manu foi colocada por amigos de Giovanna como uma pessoa que tinha envolvimento com drogas, podendo ser este, segundo a defesa, o motivo do assassinato da jovem estudante universitária. “Com certeza esse depoimento será decisivo. O crime pode ter relação com o tráfico ou então, Manu deve apresentar o nome de outra pessoa que estivesse mantendo um relacionamento com Giovanna”, torce o advogado.

Já o que Mirella Granconato falará à Justiça não será novidade, como garante Palmeira. “Minha cliente não tem o que esconder. Na primeira coletiva que ela deu, junto ao marido, logo após o crime, Mirella falou com chegou a se desentender com a Giovanna, mas isso aconteceu quase um ano antes do crime. Elas não tiveram mais problemas e não motivos para que Mirella quisesse assassiná-la. Hoje, ela irá repetir tudo o que já foi dito à polícia e acreditamos que será inocentada”, finalizou Palmeira.

O processo está na 8ª Vara Criminal da Capital e tem como juiz responsável Maurício Brêda; já o promotor Flávio Gomes é que acompanha pelo Ministério Público. A família vem recebendo apoio de amigos e é acompanhada pelo advogado Welton Roberto.

O caso

Giovanna Tenório foi encontrada morta em junho de 2011, em estado de decomposição avançado, num canavial, no município de Rio Largo. O corpo da estudante estava enrolado em um lençol e apresentava sinais de violência nas costas. Os peritos também encontraram um cordão de nylon no pescoço. A universitária estava com os mesmos trajes que usava quando desapareceu.

Antônio Bandeira e a mulher, Mirella Granconato tiveram seus nomes relacionados ao rapto e morte da estudante. Giovanna já manteve um caso amoroso com o empresário que havia negado que era casado. Tudo foi descoberto em uma festa em uma boate noturna de Maceió, onde Tony estava na companhia da mulher que flagrou um suposto encontro entre ele - o marido, e Giovanna.

As duas teriam discutido bastante e chegaram a trocar empurrões. Dias após, Mirella chegou a ameaçar por telefone a ex-amante do marido, que manteve alguns encontros com Tony às escondidas, conforme relatos de amigos da estudante.

No dia que a jovem desapareceu, ela teria avisado a família, antes de sair de casa, que não retornaria para almoçar. Giovanna passou a manhã participando do estágio do curso que era matriculada, no Cesmac. O estágio acontecia no Dique Estrada, região Sul de Maceió.

A retornar do estágio Giovanna teria falado a amigas que ia almoçar com um 'amigo' em um restaurante localizado próximo da agência do Banco do Brasil da Avenida Thomaz Espíndola, no bairro do Farol.

Amigas de Giovanna alegam que a estudante não falou o nome do 'amigo', mas demonstrava muita alegria. Foi esse 'amigo' que teria telefonado para ela pedindo para se apressar, pois já estava aguardando a moça. Este foi o último dia que amigos e parentes viram Giovanna com vida.

As investigações foram acompanhadas pelo Grupo Estadual de Combate ao Crime Organizado (Gecoc), do Ministério Público Estadual e juízes da 17ª Vara de Maceió, responsável pelas investigações de crimes praticados por grupos organizados.

Tony e a mulher alegam, em suas defesas, inocência na participação desse caso. Os dois chegaram a confirmar um relacionamento dele com a estudante morta e as brigas de Mirella com Giovanna.

O rapaz e um caminhoneiro, que estava com o celular de Giovanna, chegaram a ser presos pelo crime, assim como Mirella Granconatto. Os dois primeiros conseguiram liberdade, mas Mirella segue presa e já teve vários habeas corpus negado pelo Tribunal de Justiça de Alagoas.