O Ministério Público Estadual, por meio do promotor da Vara de Execuções Penais, Cyro Blatter, requisitou a instauração de inquérito policial sobre a morte do reeducando Wanderson Ribeiro dos Santos, falecido nesta quarta-feira (11), após dar entrada em estado grave no Hospital Geral do Estado (HGE). O promotor confirmou à reportagem do CadaMinuto que a solicitação foi encaminhada ao delegado-geral da Polícia Civil, José Edson de Freitas, para que o caso seja investigado de forma rigorosa.

Segundo denúncia formalizada por familiares do preso à Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Alagoas (OAB/AL), Wanderson Ribeiro sentia dores no peito e acabou sendo supostamente espancado, na semana passada, no Baldomero Cavalcanti. Ele apresentava hematomas em várias partes do corpo.

De acordo com o hospital, a morte ocorreu na última segunda-feira (09), mas somente ontem a família foi informada. O quadro clínico de Wanderson se gravou devido a câncer de pulmão que ele tinha. A revolta de parentes é imensa, ao afirmarem que a morte foi ocasionada por conta do espancamento sofrido pelos presos por policiais militares do Batalhão de Operações Especiais (Bope).

O caso será acompanhado pelo promotor, assim como as investigações de outros atos de violência que vêm sendo constantemente relatos pelos próprios presos e familiares. “A polícia vai instaurar o inquérito e apurar se houve espancamento e tortura. Não se pode afirmar que a morte do preso foi ocasionada devido um suposto ato de tortura. Caberá às autoridades policiais investigar, solicitar laudos no IML e assim comprovar as denúncias feitas pelos parentes dos presos”, disse Blater, ao garantir que até o momento não recebeu nenhum ofício da OAB sobre as denúncias feitas ontem pelos familiares de reeducandos.

Na semana passada, um vídeo denunciando a tortura de presos dentro do presídio foi encaminhado à imprensa. Em três vídeos, foram mostradas as agressões sofridas pelos presos, como hematomas com as marcas, possivelmente de cacetetes, arranhões e até cortes profundos. Um dos reeducandos aparece nas imagens com sangue escorrendo do supercílio.

Além das imagens mostrando os maus-tratos, a denúncia aponta o tratamento dentro da unidade prisional e a alimentação. Segundo o “porta-voz” dos presos, a comida fornecida no presídio é pouca, precária e por muitas vezes estragada.

O caso está sendo investigado também pela Superintendência Geral de Administração Penitenciária.