Quase três anos depois, o assassinato do estudante Fábio Acioli começa a ganhar novos rumos, com a decisão da justiça em levar a júri popular dois acusados de serem os autores materiais do crime, ocorrido em agosto de 2009 e que chocou a sociedade alagoana. Na decisão do juiz Maurício Breda, da 9ª Vara Criminal da Capital, Carlos Eduardo Souza e Wanderley do Nascimento Ferreira devem permanecer em prisão preventiva.
Segundo a sentença de Breda, durante as investigações policiais várias provas e indícios suficientes foram apresentados para que a justiça determine o julgamento dos réus no processo que corre em segredo de justiça. Carlos Eduardo e Wanderley do Nascimento foram denunciados pelo Ministério Público Estadual (MPE) e serão julgados por homicídio duplamente qualificado. A data do julgamento ainda não foi definida.
Wanderley do Nascimento Ferreira, que estava foragido do presídio Cyridião Durval desde novembro de 2011, foi recapturado em São Paulo, após uma operação de rotina. Numa fuga em massa, o preso conseguiu escapar do sistema prisional de Alagoas, após um túnel ser escavado num dos módulos do presídio.
Já a outra pessoa que é apontada pela autoria intelectual no assassinato, o servidor público Rafael de França ainda não foi ‘alcançado’ na decisão do magistrado. Isto porque Maurício Breda vê a necessidade de continuidade nas investigações, já que não foram descartados os indícios de participação de outras pessoas no brutal assassinato e sua autoria intelectual.
Para continuar a fase de instrução do processo, uma nova audiência foi marcada onde testemunhas e declarantes serão ouvidas pelo magistrado. No dia 26 deste mês, alguns empresários alagoanos foram convocados para prestar depoimento à justiça, entre eles, Márcio Raposo, Márcio Nutels e Vânia Nutels. Uma testemunha que integra o Programa de Proteção às Testemunhas (Provita) foi arrolada: o garçom do ‘Beto’s Bar’.
Crime insolúvel?
Fábio Acioli foi sequestrado em 11 agosto de 2009 quando deixou uma escola de idiomas no bairro da Ponta Verde, em Maceió. Quando passava pelo bairro de Cruz das Almas, local onde residia com a família, o jovem estudante foi abordado por dois homens e colocado na mala do veículo Peugeot prata de placa MUH-6407/AL, que pertencia ao seu pai.
O jovem estudante foi levado para um canavial no bairro Benedito Bentes, parte alta da capital alagoana. Lá, foi torturado e em seguida queimado vivo. Os sequestradores deixaram o local com o veículo, que foi encontrado dias após queimado.
Lúcido, o jovem ainda teve forças para se arrastar até a pista principal do bairro e pediu socorro a moradores da região, que acionaram uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Em contato com a família, Fábio Acioli foi encaminhado diretamente ao Hospital Unimed, onde permaneceu internado por vários dias com queimaduras pelo corpo.
Na tentativa de lutar pela sua recuperação, a família conseguiu sua transferência para o Hospital São Marcos, em Recife (PE). No entanto, apesar dos esforços da equipe médica, Fábio Acioli faleceu no dia 26 de agosto, devido uma infecção generalizada.
Desde então, familiares, amigos e a sociedade cobram da polícia e justiça um esclarecimento e punição dos responsáveis pelo bárbaro assassinato. Apesar da prisão de Carlos Eduardo e Wanderley Nascimento, acredita-se na existência de um autor intelectual, que seria alguém de ‘nome’ na sociedade alagoana.