Eu tenho orgulho de ser africano, todos os meus antepassados foi o refrão da música entoada pelo adido cultural da República de Angola, Carlos Lamartine que emocionou a seleta plateia do IV Festival Alagoano das Palavras Pretas, ocorrido dia 19 de março, no Teatro Abelardo Lopes, no Centro Cultural SESI.
O Festival Alagoano das Palavras Pretas tem estabelecido o diferencial de quebrar paradigmas na composição do seu público, pouquíssimos negros e negras, mas inflado das muitas gentes da das faculdades privadas da grande Maceió, sedentas do querer ir além do abecedário secular.
O Secretário de Reparação, de Salvador Ailton Ferreira veio do estado da Bahia, em um vôo de chegar-participar-voltar, só para prestigiar o Festival.
É aquela coisa de compromisso do parceiro institucional.
Ailton Ferreira é parceiro de muitas horas. Um gestor das políticas públicas para a questão racial que provoca, investe e instiga numa composição/sintonia com o movimento social, em São Salvador, no estado da Bahia.
Na Bahia as políticas públicas para o povo de pele preta são gestadas por quem tem a vivência na luta da história negra e ancestralidade na pele. Para quem vai além do conceito da democracia racial.
Nas Alagoas de Palmares não existe secretários negros, ou melhor politicamente negros.
A sexta edição do Festival Alagoano das Palavras Pretas trouxe a rapper Re.fém. O palco do teatro ficou pequeno para a performance maravilhosa da artista negra.
A rapper, cineasta e publicitária fez a plateia se inquietar com suas letras repletas de “cobranças sociais”.
Eu tenho orgulho de ser africano, diz a música.
A Banda do Exército brasileiro nos trouxe o hino nacional e uma execução contagiante de um vasto repertório da MPB.
Maria José uma senhora de quase setenta anos afirma: Eu adorei. Nessa hora nos outros dias eu já estou dormindo e hoje, segunda-feira estou aqui sendo feliz. Ao ouvir a banda do exército tocar me deu vontade de sair dançando, disse entre risos.
A poesia ganhou cor quando Cíntia aluna da Universidade Federal encheu as palavras com emoção própria e derramou poesias.
Madalena Oliveira foi aplaudidíssima com uma forma originalíssima de entoar o Hino de Alagoas.
E o Coral da 3ª Idade do SESC então. As meninas deram banho de sabedoria africana.
Isadora e Miguel foram a mestra e o mestre de cerimônia da noite, perfeitos na coragem de encarar o desafio.
A Banda Interrompidos levou uma música que agradou, principalmente,aos adolescentes.
A sexta edição do Festival Alagoano das Palavras Pretas despertou opiniões empolgadas e ao indagar a moça se gostou ela nos responde: Eu adorei nunca tinha visto nada no gênero.
Você não viu?
Tem nada não. Você vai ao sétimo.

Raízes da África