‘Complô’. Essa é expressão que a família do agente da Polícia Civil José Wilson Barboza Magalhães Júnior utiliza para todo o suposto plano para matá-lo. Parentes do policial, que desde outubro do ano passado está no programa de proteção a testemunhas, afirmaram que estão sendo vítimas de ameaças constantes. Na última segunda-feira (12), um telefonema de um suposto sequestro envolvendo a sua mãe deixou toda a sua família aterrorizada.

“Desde que meu filho começou a denunciar, a gente não teve mais sossego. As pessoas ligam para nossa casa, meus pais passam mal, não temos paz. Dizem que sabem onde ando, que tenho moto, que sabem onde minha filha estuda, estamos todos assustados”, disse Márcia Buarque, mãe do policial.

Márcia relatou que ontem seus pais receberam uma ligação informando que ela havia sido sequestrada. “Até polícia foi acionada e nada era verdade”, contou ela à reportagem do CadaMinuto. Um boletim de ocorrência foi confeccionado na Central de Polícia.

Procurado pela reportagem do CadaMinuto, Wilson, que está recebendo proteção do estado, informou que não poderia conceder entrevista, mas adiantou que irá pedir exoneração da Polícia Civil. “Para ser policial aqui em Alagoas ou sendo omisso ou corrupto, como não sou nenhuma dessas coisas, prefiro sair”, limitou-se a dizer o agente.

O caso

José Wilson denunciou no dia 02 de outubro do ano passado um suposto esquema de integrantes de cúpula da Polícia Civil em Alagoas para tentar matá-lo. O complô, segundo o agente, tinha como ‘os cabeças’ integrantes da cúpula da PC, dentre eles o diretor geral da instituição, Marcílio Barenco. Todo plano teria sido descoberto após a oficialização de sua transferência para o município de Cacimbinhas, local onde ocorreria o crime. Segundo ele, o motivo da insatisfação da cúpula foram as denúncias feitas por ele sobre torturas contra um detento da Casa de Custódia.

A coordenadora da Casa de Custódia, Maria Goretti, negou as acusações e confirmou a transferência do agente, mas negou que pudesse estar articulando algum crime. Maria Goretti alegou que o único motivo para que José Wilson fosse remanejado para outra distrital seria a falta de adaptação dele em relação aos serviços na Casa de Custódia.

José Wilson, que trabalha na Casa de Custódia 2, relatou que no dia 08 de setembro do ano passado recebeu um ofício da Corregedoria da PC solicitando sua presença para prestar esclarecimentos num processo envolvendo a diretora da Casa de Custódia, Maria Goretti Cavalcante, e o delegado e presidente da Adepol, Antônio Carlos Lessa. Ele afirma que não pode comparecer ao chamado, pois estava numa audiência no Fórum do Barro Duro, referente ao processo de adoção de seu filho.

Além disto, José Wilson teria denunciado uma armação da direção da PC para prender o escrivão José Carlos Minim e o advogado e Pastor Saulo Emanuel de Oliveira. O advogado estaria preparando uma denúncia contra Barenco referindo-se às práticas de tortura e a dificuldade em ter acesso aos presos, dentre eles, José Aquino.