Escritor, poeta, pesquisador da cultura popular, Olegário Venceslau que também é sócio da ABP/RJ e da APALCA/AL, nos envia um belíssimo artigo que presta homenagem a folclorista e pesquisadora Carmem Lúcia Omena, uma grande defensora da cultura popular alagoana, falecida em 28 de janeiro do ano corrente.
Carmem Omena: Adeus... Até um dia.
A cultura popular alagoana, tão rica em sua nuances e matizes, por si só dispensa apresentações a todos que dela são conhecedores.
Folguedos das mais variadas expressões étnicas e religiosas, emolduram o acervo inconfundível da tradição folck de nosso Estado. E nessa amalgama sobressai um nome que não somente fora capaz de reunir a complexidade multifacetada de tais manifestações, como também imortalizar-se nos anais da história do folclore.
Carmen Lúcia Barbosa Omena, ao longo de décadas dedicou sua vida à causa popular. Popular no que tange às crenças, mitos,superstições e saberes que emanam do povo. Desde cede despertou a vocação pelo estudo das artes, quando aluna de Pierre Chalita, enamorada pelo estilo abstracionista do velho mestre. A mesma freqüentou vários ateliês no intuito de aprimorar seus conhecimentos. Quer tenha sido em aquarela com a professora Maria Tereza Vieira; quer em cerâmica com Silvia Farine e Célia Gobbi.
Sua intelectualidade artística lhe conferiu inúmeros prêmios nas mais diversas exposições: I Salão de Arte Contemporânea no Teatro Deodoro, DAC/SENEC; Salão Oficial de Arte do Museu do Estado de Pernambuco; Galeria Rodrigues-Recife; Centro Campestre Basílio Machado Neto, SENEC/São Paulo; Eco-pintura na Biblioteca Central da Universidade Federal de Alagoas (UFAL).
Mas a Carmen folclorista, foi a que sobressaiu deste emaranhado de inteligência, cultura e vocação artística. Ao lado dos mestres Pedro Teixeira de Vasconcelos, Ranilson França de Souza e José Maria Tenório Rocha, na ASFOPAL ou mesmo na Comissão Alagoana de Folclore, foi capaz de legar às gerações posteriores a sua, o amor pelas mais belas e incontestes manifestações populares de nosso Estado.
A grande dama do folclore alagoano deixou-nos para sempre. Os folguedos (guerreiro, maracatu,chegança, taieira, coco de roda, pastoril,baianas) silenciaram; os atabaques e agogôs emudeceram em reverência a grande incentivadora.
Tão bem é cantado em noites natalinas, as belas jornadas do pastoril: “ Sou a Diana,não tenho partido/ o meu partido são os dois cordões/ eu peço palmas/ peço risos e flores/ ó meus senhores, sua proteção.”
E é na mais profunda certeza que serão ofertadas a Carmen Omena as palmas e risos por sua luta em defesa da cultura de nosso povo. Da mesma forma flores, como sinal de agradecimento pelos relevantes serviços prestados por esta Diana do pastoril das Alagoas.