Atualizado às 19h05.

O primeiro dos réus acusado de assassinar a deputada Ceci Cunha a ser ouvido no julgamento, José Alexandre Santos, deu declarações polêmicas durante o depoimento ao juiz André Granja. José Alexandre, conhecido como Zé Piaba, afirmou que é inocente, garantiu que estava em Arapiraca no dia do crime e disse que foi torturado por agentes da Polícia Federal do Maranhão. O acusado disse ainda que os agentes afirmaram que eram o “pessoal do Renan Calheiros” e o obrigaram a dizer que Talvane Albuquerque havia encomendado o assassinato.

José Alexandre garantiu que nunca comprou ou vendeu armas, o que contradisse o que continha em um depoimento prestado por ele à Polícia Federal no dia 09 de fevereiro de 1999, na cidade de Imperatriz (MA). O acusado, que hoje trabalha como mototaxista, afirmou que assinou o documento após ter sido agredido com um cabo de vassoura e estar com uma arma apontada para a sua cabeça.

“Eu não sei ler, eu assinei porque eles mandaram. Eu fui torturado, espancado. Quem fez isso foi a equipe da Federal (Polícia Federal) que me pegou lá em Sítio Novo”, disse José Alexandre afirmando que viajou ao Maranhão um mês e meio depois da morte de Ceci para visitar um irmão. O acusado colocou também que ligou para o capitão George, a época tenente, e disse que iria voltar a Alagoas.

“Não tenho nada a ver com isso, sou bucha de canhão. Se me condenarem, vão condenar um inocente”, disse.

Outro depoimento

André Granja leu outro depoimento de José Alexandre, prestado em Alagoas, na Polícia Federal, ao delegado da Polícia Civil, Paulo Braz. Durante a oitiva, no dia 10 de fevereiro de 1999, o acusado afirmou que estava em casa no dia do crime, contradizendo a versão apresentada hoje, quando José Alexandre disse que estava em uma praça em Arapiraca quando Ceci foi morta.

“Eu não sei, não sei ler. Eu já estava apanhado, não sabia de nada. Apanhei aqui em Maceió na sede do Tigre", disse José Alexandre. O acusado negou ainda outras informações contidas neste depoimento complementando que dos demais reús conhecia apenas Alécio Vasco.
 

Vídeos

Durante a oitiva de José Alexandre, foram exibidos dois vídeos. Nas imagens, feitas durante depoimento na cidade de Imperatriz, o acusado aparece e fala sobre o crime. José Alexandre diz que as declarações foram dadas sob coação dos agentes federais.

"Eu falei porque apanhei", afirmou José Alexandre. O acusado reforçou que não fugiu para o Maranhão, mas foi visitar um irmão.

Indagado por Granja sobre o teor de um depoimento dado por Mendonça Medeiros, também acusado no crime, José Aexandre disse que o outro suspeito também foi espancado para dar detalhes do crime.

Chorando, José Alexandre voltou a negar participação no crime. "Nunca sujei as minhas mãos de sangue, nunca matei ninguém. Arapiraca sabe que eu estava lá no dia do crime", colocou.