O ano despertou faz pouquinhos, mas os velhos problemas não arredam pé, apesar da nossa esperança e uma gama de energias positivas.
Apesar da nossa fé imorredoura o mundo não mudará  só porque dia 31 de dezembro, quase todo mundo, veste branco ( hegemonia?) , pula as sete ondas na ilusão da paz coletiva ou de uma efêmera igualdade.
O mundo só mudará  com a nossa efetiva participação política ( Lembra, o Brasil descoberto por Cabral , é uma democracia? ) . É possível nos manifestarmos além de um voto de quatro em quatro ano. Temos direito a voz e voto.
Nos expressamos?
O ano é novo, mas o racismo é um velho conhecido que se educa,cotidianamente, em um aprendizado que captura idéias e pessoas ou o: “Eu não pensei que...”
O racismo é medonho. Nossas maltratadas leis deveria convertê-lo em crime hediondo.
O que você faria se seu filho  fosse expulso de um restaurante por conta da cor da pele?
O texto abaixo  de Mário Sérgio faz um relato sobre essa situação extremamente constrangedora.
O racismo não pede desculpas. Ele age.
O racismo é um velho camaleão que se reinventa no ano que, ainda, é novo.(Arísia Barros)

O racismo não cordial do brasileiro
Por Mario Sergio
Neste final de ano pude testemunhar e viver a vergonha dessa praga do
racismo aqui em nossa multicultural São Paulo. E com pessoas próximas e
queridas. Não dá para ficar calado e deixar apenas o inquérito policial que
abrimos tomar conta dos desdobramentos desse episódio lamentável e sórdido.
Na sexta feira, 30, nossos primos, espanhóis, e seu pequeno filho de 6 anos
foram a um restaurante, no bairro Paraíso (ironia?) para almoçar. O garoto
quis esperar na mesa, sentado, enquanto os pais faziam os pratos no buffet,
a alguns metros de distância. A mãe, entre uma colherada e outra, olhava
para o pequeno que esperava na mesa. De repente, ao olhar de novo, o menino
não mais estava lá. Tinha sumido.
Preocupada, deixou tudo e passou a procurá-lo ao redor. Ao perguntar aos
outros freqüentadores, soube que o menino havia sido retirado do restaurante
por um funcionário de lá. Desesperada, foi para a rua e encontrou-o
encolhido e chorando num canto. Perguntado (em catalão, sua língua) disse
que "o senhor pegou-me pelo braço e me jogou aqui fora".
O casal e a criança voltaram para o apartamento de minha sogra e contaram o
ocorrido. Minha sogra que é freguesa do restaurante, revoltada, voltou com
eles para lá. Depois de tergiversações, tentativas de uma funcinária em pôr
panos quentes, enfim o tal sujeito (gerente??) identificou-se e com a
arrogância típica de ignorantes, disse que teria sido ele mesmo a cometer o
descalabro. Mas era um engano, mas plenamente justificável porque crianças
pedintes da feira costumavam pedir coisas lá e incomodar. E que ele era bom
e até os alimentava de vez em quando. Nem sequer pediu desculpas terminando
por dizer que se eles quisessem se queixar que fossem à delegacia.

Minha sogra ligou-me e, de fato, fomos à delegacia do bairro e fizemos
boletim de ocorrência. O atendimento da delegada de plantão foi digno e
correto. Lavrou o BO e abriu inquérito. Terminou pedindo desculpas e que
meus primos não levem uma impressão ruim do Brasil.
Em tempo: o filho de 6 anos é negro. Em um e-mail (ainda não respondido pelo
restaurante Nonno Paolo) pergunto qual teria sido a atitude se o menino
fosse um loirinho de olhos azuis.