O menino, com um limpador de pára-brisa, avançou rapidamente quando o carro parou em um dos sinal de trânsito da grande Maceió, no dia de Natal.
Estava na casa dos oito a dez anos, vestia uma roupa bem mais velha do que ele, tinha no rosto um sorriso de mil dentes e apontando o carro com o limpador encharcado em água de procedência duvidosa, perguntou: - Moça posso?
A negativa deixou tristonho o pequeno flanelinha, mas, de imediato voltou a ação:-  Moça não quer colocar um trocadinho na caixinha de Natal?
Difícil resistir a performance do pequeno, a simpatia em pessoa, e para estreitar laços encostamos o carro e partimos para o terrenos das apresentações: - Qual o seu nome, menino ? Ele estufando o peito: - Jesus Salvador!
E o alvoroço se feZ : - Jesus Salvador? Porquê do seu nome. E ele: - Hoje é meu aniversário! Nasci no dia do Natal. Quer conhecer meu irmão? E sem cerimônia o menino grita: - João Batista vem cá!
E saído de uma dessa esquinas da vida João Batista, agora irmão de Jesus, aparece. Frágil, desconfiado, de pele preta, a fome estampada nos ossinhos expostos e sentindo o peso da responsabilidade afirma: - Eu sou irmão de Jesus!
Encontrei Jesus Salvador, o menino flanelinha, numa esquina de Maceió, ao lado de João Batista, seu irmão.
No dia de Natal!