Meninos pretos e pobres, em Alagoas são chacinados, diariamente, com as balas perdidas que estouram o sonho de futuro.
Sonhos em relâmpago que deixam órfãs suas famílias.
Meninos e jovens na sua grande maioria pretos e pobres são enterrados, as enxurradas, em cemitérios da periferia, inchando de corpos púberes covas que deveriam abrigar gente com mais tempo de vida.
Meninos e adolescentes, na sua grande maioria pretos e pobres são, seletivamente, parados nas blitz cotidianas para revistas policiais como “elementos suspeitos”.
Mãos na cabeça! Abram as pernas!
Uma mistura infalível do nosso colonialismo europeu com o racismo contemporâneo.
Meninos e adolescentes, na sua grande a maioria preto e pobre, são obrigados a abandonarem a escola para ajudarem no sustento da família, enredados na poderosa marca da desigualdade sócio-racial.
Meninos e adolescentes negros em Alagoas, contraditoriamente o berço da República dos Palmares, testemunham com o abortamento de suas vidas, o descaso institucional.
E as famílias pobres, com saúde alquebradas, carregam pela vida afora , a sensação de impunidade e as imagens dos filhos mortos estampadas nas terras frias da lembrança.
Alagoas é um estado mortal para as multidões anônimas formada por meninos, jovens do sexo masculino, na sua grande maioria pretos e pardos perfilados no corredor do extermínio padronizado.
Vidas que não valem mais que tostões.
Vida tem preço?

Raízes da África