A bala perdida do racismo brasileiro tem alvo predeterminado e certeiro.

19/11/2011 09:54 - Raízes da África
Por Arísia Barros

A cada ano é alarmantemente vertiginoso o aumento da taxa de mortalidade relacionada aos jovens negros, no país de Cabral.
Em 2002, eram assassinados, proporcionalmente, 45% mais negros que brancos. Em 2008, esta taxa já havia subido para impressionantes 111,2%.
Em 2011, Ano Internacional dos Afrodescendentes, instituído pela ONU, o Mapa da Violência nos informa que: de cada três jovens assassinados, dois são negros.
A bala perdida do racismo brasileiro tem alvo predeterminado e certeiro: homem, jovem e negro.
Genocídio?
Alguns matam por inanição de perspectivas, outros morrem em nome de uma vulnerabilidade calcada no pressuposto da política hegemônica.
A pobreza é uma privação da dignidade humana, agravada pelos efeitos devastadores do explícito racismo brasileiro.
O racismo brasileiro é uma das raízes das violências sociais.
Ao exterminar com a vida dos filhos, netos, bisnetos, o racismo brasileiro vem abreviando, sistematicamente, a descendência de muitas famílias negras, como uma espécie de limpeza étnica.
Muitos jovens têm a vida ceifada na infância de sonhos.
O racismo brasileiro expulsa milhares de jovens da sala de aula e os coloca frente a frente com a raiva, desespero, impotência, angustia, tornando-os emocionalmente deficitários.
O racismo brasileiro reproduz o processo do apartheid que os grupos dominantes, do ainda país de Cabral, utilizaram e ainda utilizam para os que ousam buscar o processo de libertação, além do simbolismo das correntes.
Estamos as vésperas do Dia Nacional da Consciência Negra, que recentemente recebeu a sanção de feriado nacional e muitos dos 80 milhões do povo de pele preta, ainda sobrevivem limitados pelos navios negreiros institucionalizados.
Mais do que estatística os números do Mapa da Violência deveriam servir de subsídio para o estabelecimento de políticas públicas efetivas, pela República Federativa do Brasil, buscando o enfrentamento à violência do povo negro.
Dizem, por aí, que o jovem é o futuro do Brasil. O futuro do jovem negro brasileiro é ser mais um na estatística na página policial dos jornais ?
Torturado, mutilado, assassino e assassinado?
Qual o preço que a população jovem e negra brasileira ainda terá que pagar para ter expectativa de estar viva, amanhã?
Amanhã é dia Nacional da Consciência Negra.
 

Comentários

Os comentários são de inteira responsabilidade dos autores, não representando em qualquer instância a opinião do Cada Minuto ou de seus colaboradores. Para maiores informações, leia nossa política de privacidade.

Carregando..