As barracas de lona erguidas para abrigar, provisoriamente, as gentes das cidades afogadas pelas águas,no interior do estado de Alagoas, é hoje, 365 dias após, uma comporta de corpos, milhares de pessoas encurraladas por entre a podridão de esgotos correndo a céu aberto e a lâmina afiada do descaso estatal.
O descaso dos organismos promotores da vida do estado de Alagoas em relação ao seu povo, sujeito histórico e invisível as políticas públicas é determinante para transformar a pobreza de maré-maré deci em miséria absoluta.
O povo subjugado pela inoperacionalidade do sistema regido, na sua grande maioria pelos homens e mulheres, quase tod@s,ideologicamente brancos e habitantes da miscigenada terra de Cabral, vive prisioneiro nos porões do simbólico navio negreiro- as barracas de lona.
No interior das barracas a temperatura chega a alcançar 42°C, às 11h a impressionantes 60°C e na sombra 55 graus centígrados. Um calor “acima do limite suportável” e em uma situação de “extremo perigo”, conclui um estudo realizado pelo Instituto de Ciências Atmosféricas da Universidade Federal de Alagoas.
É um novo modelo do extermínio da pobreza contemporânea!
Gentes descartáveis jogadas em terras de ninguém, uma população empalidecida pela despolitização e sufocada pelas tapinhas nas costas e o discurso patriarcal, hierárquico, mecanicista e partidarizado do estado, de que em 2012, tudo vai dar certo.
Ainda segundo Instituto de Ciências Atmosféricas da Universidade Federal de Alagoas.
“A alta taxa de temperatura [é] responsável pela freqüência de problemas, tais como dores de cabeça, má circulação sanguínea, dores de barriga, desidratação, queda de cabelos, inquietação, dificuldades de concentração, enjôos, problemas respiratórios, entre outros”.
E o mais desalentador é que faz tempo que os recursos para a construção das moradias estão na conta do estado.
O povo, em Alagoas, é uma mercadoria de pouco valia.
Em Alagoas, a pobreza é a privação panfletária da dignidade humana.
Alagoas tem pressa de quê?

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