O menino deficiente é eficiente em sua vontade de superar os desafios. Nem a precária situação dos transportes coletivos da grande (?) Maceió, impede que o menino falte as sessões de fisioterapia. Ele garante que um dia a sua “perna com falha”, ficará forte o suficiente para colocá-lo em pé.
O menino é corajoso diante da perna que insiste em arrastá-lo pela vida a fora.
A mãe do menino, que ganha menos do que o salário mínimo, não tem a quem reclamar pela total ausência de acessibilidade.
É dura a vida da mulher que literalmente, anos a fio, carrega o filho em uma cadeira de rodas, como a desafiar a inoperância das políticas públicas.
Elevadores nos ônibus? É conforto quase inimaginável para o menino e sua mãe moradores de uma grota. Vale mesmo a ajuda de uma alma boa para levantar o menino nos braços e o transportar para dentro do coletivo.
Apesar de todos os desconfortos e dos elevadores para cadeirantes quebrados nos coletivos urbanos, o menino não pode faltar à sessão de fisioterapia, senão tem seu ponto cortado.
Acessibilidade?
Acessibilidade é só para o povo rico ou mesmo os deputados, pensa a mãe do menino, envolvida em seu sonho de ganhar na mega-sena e dar conforto ao seu menino.
Ao pensar no filho a mãe põe brilho no cristalino d’ olhos . Ela sabe a enormidade dos desafios a serem enfrentados, mas pelo seu menino ela não pensa duas vezes. É capaz de agüentar.
Todos os dias a mãe e o menino, em uma cadeira de rodas, reinventam maneiras de seguir adiante, apesar dos elevadores quebrados nos ônibus da capital.
Se não for para a sessão de fisioterapia o menino leva falta e pode ser suspenso .
Quem sabe o poder legislativo não se mobiliza e garanta a mobilidade para o menino?
Quem sabe?