Socializando mais um ato racista no Brasil miscigenado.


Tribuna da Bahia
 Coluna "Boa Terra", 16 de julho de 2011

   O trauma de uma baianinha

O racismo e o preconceito em Salvador parecem não ter limites. Uma garotinha de apenas cinco anos, moradora do Rio Vermelho, passa horas em frente o espelho tentando descobrir às escondidas, algum creme ou loção para dar um jeito nos cachinhos dos cabelos dela.
Não se trata de vaidade, mas reação a um possível caso grave de racismo. “Minha filha está traumatizada com o constante deboche de uma vizinha que passou a implicar com os cabelos dela. Chama de negrinha e de rasta de maneira agressiva, na vista de todo mundo”, conta a empresária Irizangela Alves da Silva.
A empresária tenta em vão denunciar o caso. Marcou audiência para segunda-feira à tarde, no Ministério Público. Íris, como é conhecida no trade de moda infantil, é dona da loja “Tamanho de gente”, no Rio Vermelho. Conta que a vizinha teria começado a agressão insatisfeita porque ela comprou um apartamen to na Rua Nelson Galo, região elegante do bairro, e se mudou para lá com a filha.
Depoimento sumiu
O apartamento fica no segundo andar, em cima da moradora que não gostou quando viu as duas se instalando. “Ela olha a minha filhinha e agride com palavras ofensivas, implicando com o jeito cacheado dos cabelos”, acusa. Há um mês Íris teria procurado a Sétima Delegacia para fazer a acusação.
A empresária diz que passou umas três horas dando depoimento. “Quando voltei lá para ver as providências a acusação de racismo não foi encontrada. Havia apenas um registro de queixa resumido, mas sem falar nas acusações contra a criança”, protesta.
Por causa do relacionamento com a vizinha, a criança teria transtornos de saúde. “Minha filha adoeceu, apareceu com problemas de baixa imunidade e eu suspeito que seja por causa do trauma que passa no prédio”, acusa.