A construção da estrada de acesso a Serra da Barriga , em Palmares, berço histórico da resistência negra é uma saga de idas, vindas e um incomensurável descaso político.
Os tortuosos caminhos que levam a construção do acesso a Serra da Barriga é recheado dos “disse-me-disse” protogonizado por personagens menores do poder estatal, alfabetizados na cartilha da hegemonia social, enquanto isso o poder patriarcal exercita o jogo do cultura-negra-eu-nem-te-ligo! Afinal, para o “governo-gente-que-faz-pela gente (?)” o povo de pele preta e parda e sua cultura , ainda, são hospedes incômodos e desconfortáveis nas agendas políticas.
Para o “governo-gente-que-faz-pela gente (?)” o povo de pele preta e parda e sua cultura “exótica” são forasteiros, uma invisível multidão anônima.
Multidão que, mesmo anônima, decide eleição.
A estrada que leva a um importante capítulo da história do Brasil está rasgado pela chuva que desembaraça os nós da terra e escava pequenos lagos. Agora o lago se transformou em cratera.
O estado do “governo-gente-que-faz-pela gente (?)” não produz soluções políticas para a gente de pele preta e da miséria que estupra vidas, ainda meninas.
Os parlamentares que representam o estado nas três esferas do poder ignoram a excelência da democracia produzida na Serra da Barriga.
Os descendentes contemporâneos do Quilombo dos Palmares estão órfãos de representações políticas.
A República de Palmares conta histórias de heroísmo de gente de pele preta para gentes de todas as cores. Na Serra da Barriga foi plantado um quilombo que desnudou para o mundo toda a riqueza da diversidade humana e, hoje, estamos sós, portando a roupa da invisibilidade social, apesar da enormidade de cifrões que pagamos para manter nossos representantes no poder.
Como construir a cultura da paz se o “governo-gente-que-faz-pela gente (?)” ignora a indiscutível marca da liberdade cerzida no Quilombo dos Palmares, como conteúdo transformador para a construção da democracia brasileira?
A paz do estado é branca. E orçamentária empregatícia e não laica. Política distributiva para gente-que-faz-pela-gente (!): filho, irmão, parentes próximos.
Ao ignorar Palmares, o “governo-gente-que-faz-pela gente (?)” ignora a cartilha da liberdade como sinônimo de igualdade.
Governador, a gente continua afirmando que construção da estrada da Serra da Barriga tem pressa. A emenda parlamentar tem prazo de validade, vence em 30 de junho, daqui a sete dias.
Por favor, não ria disso!

Raízes da África