Uma das pessoas presas pela Polícia Federal na Operação CID-F teve a prisão prorrogada pela Justiça Federal a pedido do delegado Alexandre Borges. Um dos aliciadores de beneficiários no esquema fraudulento deveria ser liberado no último sábado, junto com os outros 13 presos temporários, mas permanecerá detido na carceragem da PF, no bairro do Jaraguá.
O delegado explicou que o aliciador iria ser solto, mas um depoimento de um outro preso o fez mudar de ideia. “Depois de ouvir essa pessoa, tivemos a necessidade de um novo depoimento do aliciador para que ele esclarecesse o fato, o que não aconteceu. Devido a isso, solicitamos a prorrogação da prisão”, disse Borges.
Um beneficiário, que se entregou após a Operação ser deflagrada, será liberado na noite de hoje. Dos 24 presos na CID-F, nove permanecerão detidos.
Professor Valério
Em depoimento ao delegado Alexandre Borges, Antônio Cícero Valério, o Professor Valério do INSS, preso sob a acusação de participar da quadrilha desbaratada pela Operação CID-F, negou a existência de um dossiê que incriminaria o ex-superintendente do INSS, Ronaldo Medeiros. No dia em que se entregou, Valério afirmou, em entrevista à TV Pajuçara, que teria um documento onde havia informações sobre o esquema fraudulento.
Borges afirmou que Valério, em depoimento, negou saber da existência de um dossiê e não citou o nome de Medeiros. “Ele apenas disse que desconhece a fraude”, disse Borges à reportagem do CadaMinuto.
A operação
A Operação CID-F foi deflagrada no último dia 14, por agentes da Polícia Federal. Durante a ação foram cumpridos mandados de prisão preventiva e de prisão temporária, mandados de condução coercitiva (quando a pessoa é levada para prestar esclarecidos contra sua vontade) e 25 de busca e apreensão. Vinte e quatro pessoas, entre médicos-peritos, servidores do INSS e contadores, foram presas.
A operação recebeu o nome CID-F (Classificação Internacional de Doença) em alusão à nomenclatura do código usado pelos médicos para descrever no prontuário de licença qual a doença do paciente.
O esquema
As investigações começaram em 2010 e correm em segredo de justiça mas, segundo a Polícia, a fraude acontece no INSS desde 2007. A descoberta aconteceu após denúncias que partiram de servidores do órgão. Com a comprovação das denúncias, os agentes da PF conseguiram comprovar os fatos e chegar até os chefes da quadrilha e todos os integrantes.
A Polícia Federal constatou que contadores criavam empresas fantasmas para criar vínculos empregatícios e desta forma conseguir os benefícios dos supostos funcionários junto ao INSS. Após a criação da empresa, os contadores mantinham contato com os servidores do órgão para conseguir os benefícios como auxílio-doença e aposentadoria por invalidez. Os médicos integravam a quadrilha, pois eram responsáveis pelos laudos periciais que comprovava os problemas dos beneficiários para serem favorecidos.
Para que os supostos funcionários conseguissem atendimento com os médicos-peritos integrantes da quadrilha, o esquema burlava os procedimentos até que as remarcações pudessem coincidir com peritos da fraude.