Atualizado às 16h12.
Cícero Antônio Valério da Silva, o professor Valério do INSS, se apresentou, na tarde desta quinta-feira (16), na sede da Polícia Federal, no bairro do Jaraguá. Ele, que é servidor do INSS, estava foragido desde a última terça-feira, quando a PF deflagrou a Operação CID-F, que desbaratou uma quadrilha que atuava no órgão e que causou um rombo de R$ 12 milhões.
Valério se apresentou, acompanhado do advogado, ao delegado Alexandre Borges, que preside o inquérito sobre a fraude no INSS. Com a prisão de Valério, apenas uma pessoa, com prisão decretada pela Justiça Federal, encontra-se foragida. De acordo com a assessoria de comunicação da PF, um beneficiário ainda não se apresentou. Ao todo foram expedidos 24 mandados de prisão pela 1ª Vara da Justiça Federal em Alagoas.
Valério é ligado ao Partido dos Trabalhadores (PT) e disputou uma vaga de vereador nas últimas eleições.
A operação
A Operação CID-F foi deflagrada na manhã da última terça-feira (14) por agentes da Polícia Federal. Durante a ação foram cumpridos mandados de prisão preventiva e de prisão temporária, mandados de condução coercitiva (quando a pessoa é levada para prestar esclarecidos contra sua vontade) e 25 de busca e apreensão. Vinte e duas pessoas, entre médicos-peritos, servidores do INSS e contadores, estão presas na carceragem da PF, em Jaraguá.
Um servidor do INSS encontra-se foragido, mas advogados asseguraram que ele irá se entregar nos próximos dias. A quadrilha, de acordo com a PF, foi responsável por uma fraude no INSS, que gerou um prejuízo ao órgão de R$ 12 milhões.
A operação recebeu o nome CID-F (Classificação Internacional de Doença) em alusão à nomenclatura do código usado pelos médicos para descrever no prontuário de licença qual a doença do paciente.
O esquema
As investigações começaram em 2010 e correm em segredo de justiça mas, segundo a Polícia, a fraude acontece no INSS desde 2007. A descoberta aconteceu após denúncias que partiram de servidores do órgão. Com a comprovação das denúncias, os agentes da PF conseguiram comprovar os fatos e chegar até os chefes da quadrilha e todos os integrantes.
De acordo com os levantamentos, a Polícia Federal constatou que contadores criavam empresas fantasmas para criar vínculos empregatícios e desta forma conseguir os benefícios dos supostos funcionários junto ao INSS.
Após a criação da empresa fantasma, os contadores mantinham contato com os servidores do órgão para conseguir os benefícios como auxílio-doença e aposentadoria por invalidez. Os médicos integravam a quadrilha, pois eram responsáveis pelos laudos periciais que comprovava os problemas dos beneficiários para serem favorecidos.
Para que os supostos funcionários conseguissem atendimento com os médicos-peritos integrantes da quadrilha, o esquema burlava os procedimentos até que as remarcações pudessem coincidir com peritos da fraude.
As investigações identificaram que dentre os presos, cinco pessoas eram os ‘cabeças da quadrilha’, todos servidores e contadores. Indagado sobre a possibilidade de ramificações, Alexandre Borges disse que todos fazem parte de uma mesma quadrilha.