O inquérito da Operação CID-F, que apura a fraude de R$ milhões no Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), deverá ser remetido à Justiça dentro dos próximos 15 dias. De acordo com assessoria de comunicação da Polícia Federal, o delegado Alexandre Borges informou que, pelo fato de a investigação já estar em andamento desde o ano passado, o inquérito será concluído em um período menor que o prazo de 30 dias.
Borges ouviu hoje seis dos presos, amanhã estão marcadas oito novas oitivas. De acordo com o delegado, não será pedida a prorrogação dos oito mandados de prisão temporária, já em relação aos detidos com mandados de prisão preventiva, não há previsão de soltura.
A operação
A Operação CID-F foi deflagrada na manhã de ontem (14) por agentes da Polícia Federal. Durante a ação foram cumpridos mandados de prisão preventiva e de prisão temporária, mandados de condução coercitiva (quando a pessoa é levada para prestar esclarecidos contra sua vontade) e 25 de busca e apreensão. Vinte e duas pessoas, entre médicos-peritos, servidores do INSS e contadores, estão presas na carceragem da PF, em Jaraguá.
Um servidor do INSS encontra-se foragido, mas advogados asseguraram que ele irá se entregar nos próximos dias. A quadrilha, de acordo com a PF, foi responsável por uma fraude no INSS, que gerou um prejuízo ao órgão de R$ 12 milhões.
A operação recebeu o nome CID-F (Classificação Internacional de Doença) em alusão à nomenclatura do código usado pelos médicos para descrever no prontuário de licença qual a doença do paciente.
O esquema
As investigações começaram em 2010 e correm em segredo de justiça mas, segundo a Polícia, a fraude acontece no INSS desde 2007. A descoberta aconteceu após denúncias que partiram de servidores do órgão. Com a comprovação das denúncias, os agentes da PF conseguiram comprovar os fatos e chegar até os chefes da quadrilha e todos os integrantes.
De acordo com os levantamentos, a Polícia Federal constatou que contadores criavam empresas fantasmas para criar vínculos empregatícios e desta forma conseguir os benefícios dos supostos funcionários junto ao INSS.
Após a criação da empresa fantasma, os contadores mantinham contato com os servidores do órgão para conseguir os benefícios como auxílio-doença e aposentadoria por invalidez. Os médicos integravam a quadrilha, pois eram responsáveis pelos laudos periciais que comprovava os problemas dos beneficiários para serem favorecidos.
Para que os supostos funcionários conseguissem atendimento com os médicos-peritos integrantes da quadrilha, o esquema burlava os procedimentos até que as remarcações pudessem coincidir com peritos da fraude.
As investigações identificaram que dentre os presos, cinco pessoas eram os ‘cabeças da quadrilha’, todos servidores e contadores. Indagado sobre a possibilidade de ramificações, Alexandre Borges disse que todos fazem parte de uma mesma quadrilha.