Lembrei dos meninos faz pouco. Foram meus alunos e afogados no pântano das drogas morreram na infância dos sonhos.
Eram meninos pobres da periferia e portavam no sorriso aberto a singeleza da felicidade gratuita: correr na praça, jogar bola, paquerar meninas.
Eram meninos com barba ainda por nascer. Rostos imberbes.
Viviam decorando a cartilha das descobertas. Ainda me lembro deles, mesmo fazendo tanto tempo. Fui sua professora.
Eram inocentes na sanha das descobertas e um dia descobriram o fruto proibido. Não era a maçã de Adão e Eva. Foi a tal da erva maldita, a “inofensiva” maconha.
Não era nada. Não era nada mais enviesou o caminho dos meninos para terrenos baldios, sem perspectivas.
Os meninos partiram cedo, pois avançaram na descoberta do proibido. Era apenas um cigarrinho que se tornou uma bomba relógio. E os meninos morreram.
No bairro da periferia de Maceió, com uma incidência alarmante de mortalidade, outros meninos e meninas seguiram o mesmo caminho. Partiram...
Segundo a ministra do Supremo Tribunal Federal Cármem Lúcia que votou a favor da liberação da marcha da maconha "a democracia é generosa exatamente porque há liberdade de pensamentos.”
Os meninos não tiveram chance de descobrir a generosidade da democracia brasileira.
A sensação de liberdade os matou.