Caminhavam pela calçada de mãos dadas. Uma mão como equilíbrio da outra. Ela um pouco mais desgastada pelo tempo e as incertezas da vida. As idades variando entre 65 e 70 anos. A mulher andava um tanto trêmula, mas a mão do companheiro era seu sustento. As vestes diziam da falta de riqueza material, entretanto as duas mãos agarrando a vida falavam de outra riqueza.
Riqueza como sentimento imorredouro, afetividade, troca, companheirismo.
Apesar da simplicidade traziam no semblante e nas mãos, que não desgarravam o flerte com a cumplicidade do eterno. Do para sempre!
Caminhavam juntos e no mesmo passo, como imagem inquebrantável que vale bem mais do que mil palavras.
As mãos presas na alma um do outro sussurravam as juras de que entre eles, a solidão virara do avesso.
Talvez tivesse filhos, netos conjecturava, eu olhando a passagem dos anos nos passos daquele casal, que de mãos dadas, se protegiam dos perigos do mundo. Respiravam a serenidade de quem já tinha  vivido todas as situações limites.
Era singular apreciar o senhor e sua companheira andando de mãos dadas, em um bairro de periferia da grande Maceió, cercada da indisfarçável indiferença humana. Como um quadro na parede da memória.
Apesar da fragilidade de ambos e do passo miúdo eles simplesmente avançavam,atravessando ruas movimentadas e os barulhos do mundo todo.
Era o retrato da dimensão do amor como legado maior da vida do casal.
Estava na cara que eram felizes.
É  isso que interessa!