A Serra da Barriga plantada em União dos Palmares reverenciada como palco maior da resistência negra está sendo expurgada.
A má conservação da estrada impede o acesso do povo a uma parte significante da história do Brasil e traz prejuízos ao turismo étnico.
A Serra da Barriga abrigou a República de Palmares, primeiro território sócio-políticodas terras de Cabral .
Como metástase institucional as crateras que se formam no caminho que levam a Serra
interpretam a leitura pública do descaso com a história do povo de pele preta e parda.
Na Serra estão contidos elementos simbólicos da nossa cartografia ancestral, portanto é um valor que não pode deveria ser negligenciado, mas é.
Segundo matéria das jornalistas Thayanne Magalhães e Fran Ribeiro ( Primeira Edição,02/05):” A Presidenta Dilma Rousseff, assinou no dia 29 de abril, decreto que prorrogou os prazos para que os projetos de 2009 sejam concluídos no prazo máximo de 30 de junho. Caso isso não ocorra, as cidades perderão a concessão, como aconteceu com as emendas de 2007 e 2008, em que as obras não haviam sido iniciadas. A suspensão dos recursos e a prorrogação do prazo da emenda de 2009 foram publicadas no Diário Oficial da União.
E ainda segundo representação do Departamento de Estradas e Rodagens será quase impossível atender as demandas de construção dos caminhos que levam a Serra, até o dia 30 de junho.
A construção do acesso a Serra da Barriga, governador, não pode mais esperar.
Alagoas que é quase pobre de marré-marré-deci não pode se dá ao luxo de devolver recursos federais. Somos campeões, também, nessa modalidade numa cúmplice e silenciosa anuência de tantos e muitos.
É preciso fazer alguma coisa, Excelência. Sair do lugar de conforto e cavar soluções.
É preciso estabelecer metas e otimizar prazos junto à Caixa Econômica, DER, Governo estadual e Ministério da Cultura.
O governo do estado de Alagoas precisa tomar para si a responsabilidade do exercício do poder político, sem subjugar a inteligência social.
Os caminhos que levam a Serra da Barriga são repletos de significados. Uma mistura de memória e muitas histórias serve como mediação do olhar dos espectadores para os fatos.
A Serra da Barriga recusa a insuficiência de ações plantadas ao seu redor. É preciso novamente fazer ecoar o grito que um dia gritou Zumbi: Liberdade!
E os artifícios mascaradamente ideológicos vão usurpando territórios e persistem como resquícios do androcentismo do estado brasileiro.
A estrada da Serra da Barriga continuará descalça, Governador?

Raízes da África