O corpo ensangüentado estava exposto na noite de sábado, defronte ao Hospital Universitário, no bairro do Tabuleiro dos Martins, em Maceió.
 No entorno o desespero das pessoas. Ônibus formavam uma fila silenciosa com o protesto agudo de quem não suporta mais.
Governador, o povo alagoano vive com medo, como efeito colateral do apartheid da subcidadania.
O medo da insegurança, do presente sem futuro.
A violência em Alagoas, governador, virou endemia.
A vida da gente vale quase nada.
O Senhor sabe?
O corpo ensangüentado e pintado de vermelho foi roubado da vida em seu local de trabalho.
O homem trabalhava no ônibus e foi morto. Foi morto o homem que trabalhava.
Mais uma vida capturada na guerra do salve-se-quem-puder.
Uma morte esvaziada de sentido. A naturalização da morte na República dos Marechais tem coisificado a vida.
É preciso planejar com metas a curto, médio e longo prazo medidas eficazes e eficientes de enfrentamento a essa programação social de “eliminação da pobreza” .
É preciso que os governos tenham a coragem de investir na democratização das políticas públicas para valorização da vida: Educação, saúde, emprego e renda formam o grande círculo da Segurança Pública.
É preciso ir mais além do discurso sobre a “moçada das drogas”.
É preciso ir além da repressão .Mais ação e menos discurso.
As sucessivas e naturalizadas mortes em Alagoas tem silenciado vozes e seqüestrado identidades, como os séculos de escravatura.
É preciso que a República dos Marechais reconheça e enfrente as desigualdades que rasgam esperanças e ceifam vidas.
É precioso que a República enfrente a máquina de desmontar e excluir pessoas.
É preciso evitar que tantas mães, hoje no dia consagradas a elas, estejam chorando lágrimas de cemitério’
Mais um corpo morto!
Até quando?
Alagoas precisa urgentemente valorizar a vida, mesmo antes de 2012!