O capitão da Polícia Militar de Alagoas (PM/AL), Eduardo Alex da Silva Lima, acusado de matar o estudante de Geografia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Johnny Wilter da Silva Pino, 21, pode ir a júri popular até maio deste ano, já que o processo voltou a tramitar na 7ª Vara Criminal da Capital e está em sua etapa final, após a abertura de vistas, na última sexta-feira (18), à defesa do oficial e à acusação para apresentação das testemunhas.
Em 25 de maio de 2008 Johnny, que nasceu no município de União dos Palmares, estava como carona na motocicleta conduzida por Marcos Brandão, que teria furado um bloqueio policial nas imediações da Cidade Universitária, por estar sem habilitação. Militares que participavam da Blitz afirmaram que um dos ocupantes do veículo efetuou um disparo em direção a guarnição policial e por isso o capitão atirou no estudante.
Casos semelhantes aconteceram no Rio de Janeiro. Em um deles João Roberto Amorim Soares, de 3 anos, foi baleado na cabeça durante perseguição feita por dois PMs. A vítima estava com a mãe, Alessandra Amorim, na Tijuca, quando os policiais confundiram o carro da família com o veículo de assaltantes e começaram a atirar.
O juiz do Trabalho Marcelo Alexandrino da Costa, 39 anos, e duas crianças foram baleados por policiais civis, após ele tentar desviar o carro de uma blitz, pensando se tratar de uma falsa operação feita por bandidos.
Segundo Jhonathan Wilker da Silva, irmão de Johnny, a família não perdeu a esperança de ver o culpado pelo assassinato punido pela justiça comum. Várias testemunhas de acusação deverão ser ouvidas pelo juiz que Braga Neto, que conduz o caso.
“São três anos esperando por esse julgamento. Queremos que o policial seja afastado e preso, porque ele já está trabalhando em uma área administrativa da PM”, destacou, lembrando que o corporativismo na PM atrasou ainda mais o julgamento do oficial, já que a defesa contestou a pronuncia e pediu a absolvição do reu ou desclassificação do crime de homicídio doloso para culposo, dirigido à competência da justiça militar.
“A justiça militar está a favor dele, que respondeu a um processo administrativo no qual a atitude de atirar no meu irmão foi considerada correta, mas a legislação processual é clara ao dizer que o processo de um crime cometido por um policial contra um civil é de responsabilidade da justiça comum”, destacou Jhonathan.
Saudade
Em agosto deste ano Johnny iria concluir o curso de geografia, por isso os colegas de turma resolveram fazer uma homenagem a ele na formatura. “Meus pais foram convidados pelos amigos para representá-lo. Ele morava comigo em Maceió, éramos só nós dois aqui ,por isso a falta é enorme. Meus pais vêm de 15 em 15 dias e à cada visita ainda ficam na expectativa de encontrar com ele. Tudo lembra meu irmão, nossa semelhança, inclusive na voz”, revelou.
Ele contou que os pais participam de movimentos pela paz e à cada caso parecido com o do filho ficam ainda mais tristes. “Em maio vai haver um evento na Ufal com parentes de vítimas de casos não solucionados e meus pais foram convidados pela professora Ruth para participar. Eles ficam muito afetados até hoje e minha mãe sempre acompanha os casos pela imprensa A sociedade não pode mais sofrer por causa do abuso de autoridade de militares”, ressaltou.