Um orgasmo mental cobriu de regozijo os tais “cientistas”, “pesquisadores”, “pensadores” de gabinete a partir de pesquisa “inédita” sobre o (eureka!) DNA europeu em negros, coordenado por Sérgio Danilo Pena, da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais, mas, diante de tantos e persistentes casos de racismo nas terras de Cabral afora e adentro, surge a pergunta que não quer calar: Porque a população de pele preta não é tratada como mestiça? Onde mora o consenso entre O TAL DNA EUROPEU E A NOVELA-DO-RACISMO-DE-TODO-DIA-NO-PAÍS-DO-CARNAVAL? Essa tal mestiçagem não nos alcança?
Sobre a pesquisa do “negro não- mestiço sim-“ Daniela Gomes, uma ativista é muito feliz em observar que: Eles só esqueceram de dizer que esse é um exame que investiga o DNA paterno, pois o DNA mitocondrial que mostra o lado materno nos diz que somos de maioria negra, o que só comprova o estupro sofrido por mulheres negras e indígenas. E esqueceram também de falar se a polícia, os seguranças de banco, as pessoas que nos discriminam a todo instante irão começar a pedir nosso DNA antes de fazer isso. Chega a ser patético o esforço que essas pessoas fazem para dizer que todo mundo é branco, especialmente quando o Wikileaks acaba de revelar documentos que afirmam o quanto o Brasil é racista.Só posso deixar um desabafo e dizer que cada dia estou mais envergonhada disso tudo.AbraçosDaniela
E para quebrar a couraça tant@s e muit@s que se escondem por trás da romanceada mestiçagem, brasileira, segue mais um capítulo.


Humilhada no Walmart, mulher negra acaba em Hospital

Por: Redação - Fonte: Afropress - 22/2/2011
Osasco/SP - A dona de casa Clécia Maria da Silva, 56 anos, denunciou ter sido submetida a humilhações por parte de seguranças do Supermercado WalMart, da Avenida dos Autonomistas, em Osasco, ao ser tratada como ladra e ter sua bolsa revistada por um dos seguranças.
“Deixe ver essas bolsas”, teria dito o segurança, que não se identificou, ao segurar com força no seu braço à saída da loja. A dona de casa é negra e disse que, ao revistar sua bolsa, o homem teria dito: “Isso acontece mesmo com os pretos”.
Por causa da abordagem, em que as três bolsas que carregava foram retiradas das suas mãos e as mercadorias expostas, e com a aglomeração das pessoas que se formou, dona Clécia passou mal e teve que ser removida para o Hospital Montreal, pela ambulância do serviço de saúde do Supermercado.
Ela permaneceu internada cerca de 4 horas – entre as 18h52 e 22h50. A médica que a atendeu, Daniela Camargo, diagnosticou hipertensão e disse a Érica Patrício da Silva, a nora que foi chamada para socorrê-la, que ela esteve muito próxima de sofrer um Acidente Vascular Cerebral (AVC).
O caso aconteceu na quarta feira, dia 16 de fevereiro, e a ocorrência foi registrada na sexta-feira, dia 18/02, no 9º Distrito Policial de Osasco, em Presidente Altino.

Humilhação e vergonha

Segundo dona Clécia, ela estava com o cupom fiscal na mão, comprovando que havia pago R$10,47 "por uma bisnaguinha, um pão pulmann e três suportes de botijão". “Quando eu saí fora, veio um segurança, pegou no meu braço. Depois pegou a minha bolsa e falou: “Isso acontece mesmo com os pretos”. Todo mundo olhando prá mim. Fiquei muito nervosa. Não estava agüentando mais ficar de pé. Depois, quando viram que eu estava passando mal, vieram e me deram uma água quente da torneira. A pressão subiu muito e eu estou abalada até hoje”, afirmou.
A dona de casa mora na Vila Serventina e disse que, habitualmente, faz compras na loja do Walmart.
Por causa da crise hipertensiva desencadeada pelo episódio, dona Clécia, que é evangélica, teve de retornar ao Hospital no sábado, dia 19/02, quando voltou a ser medicada. “Não sei por que eles fizeram isso comigo. Ele me obrigou a abrir a bolsa, e depois que viu que não estava levando nada e que havia pago tudo, assinou o canhoto da comprinha que eu fiz”, contou.
Depois que começou a passar mal e viu que ia desmaiar, ela disse que só teve tempo de pedir por socorro para a nora, que normalmente a acompanha ao supermercado. Érica disse ter ficado assustada quando recebeu o telefonema.
“Ela me ligou desesperada. Venha aqui no Walmart, pelo amor de Deus. Quando cheguei a gerente do supermercado estava com a bolsa dela na mão. Eles estavam tratando dona Clécia como uma ladra, pelo traje que ela estava vestida e pelo fato de ser negra”, acrescentou.
Segundo ela, foi a própria ambulância do da loja que levou dona Clécia para o Hospital. “Quando viram que ela estava passando mal, vieram os seguranças todos, veio o chefe dele e mandou que eu calasse a boca e que devia ficar quieta, porque o importante era levá-la ao Hospital”, contou.
Erica contou que a médica que atendeu disse que a pressão estava muito alta e que se demorasse um pouquinho teria um AVC. Indignada, ela disse que chamou uma viatura da Polícia Militar, no próprio Hospital, e foram os policiais militares que a orientaram a registrar a queixa na Delegacia de Polícia.

Providências

Ainda abalada, e com marcas nos braços do soro e do medicamento que tomou no Hospital, dona Clécia, disse que quer Justiça, para que o que aconteceu com ela não se repita mais com ninguém.
A rede de supermercados Walmart – que está no Brasil desde 1.995 - ficou em primeiro lugar no ranking das 500 maiores empresas globais de 2010, segundo a revista norte-americana Fortune. Com faturamento estimado em US$ 408,214 bilhões, está presente no Brasil em 18 Estados das regiões Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul, além do Distrito Federal, com mais de 400 lojas e emprega cerca de 80 mil pessoas.