A política das quotas para a população negra e pobre tem criando possibilidades e aberto caminhos para quem ao longo da história tem ocupado os espaços que ,socialmente, ainda estão reservados a ampla maioria minorizadas: a periferia da história ou os subempregos.Mulher Quilombola aprovada no curso de medicina é o confronto do que está posto e do que ainda virá...A vitória da raça e do gênero. Parabéns, Frei Davi do Educafro! Parabéns Flávio ,de Vitória da Conquista/Bahia, militante aguerrido que já trouxemos a Maceió na partilha dos conhecimentos. Que as nossas lutas se fortaleçam e ocupem mais e mais espaços de oportunidade das terras de Cabral. E vamos a luta...
Entre estes vinte jovens temos a primeira quilombola APROVADA no curso de MEDICINA, no campus I da Universidade Federal da Bahia, em Salvador. Marina Barbosa da Silva, 19 anos, participou de dois pré-vestibulares comunitários (GRIOT e Quilombola) e estava já no seu 06º vestibular para Medicina! “Meu grande sonho é me formar e voltar para a minha comunidade. Até porque lá nunca foi um médico e eu quero poder ajudar o meu povo”.
Atendendo jovens de comunidades quilombolas reconhecidas e identificadas de diversos municípios da região sudoeste da Bahia, o pré-vestibular quilombola aprovou vinte alunos do cursinho pré-vestibular quilombola de Vitória da Conquista em vestibulares 2011.1 da UESB, UFBA e UEFS. Com a aprovação das políticas de ações afirmativas, também conhecidas como cotas, em todas as universidades públicas da Bahia, algumas instituições adotaram cotas adicionais específicas para segmentos sociais mais atingidos pela desigualdade de oportunidades: quilombolas, indígenas e pessoas com deficiência.
O Pré-Vestibular Quilombola surgiu do forte incentivo da Educafro Nacional, através do Prof. Flávio que saiu de São Paulo e foi trabalhar naquela região. Foi um verdadeiro missionário da inclusão! A realidade de exclusão destacou a necessidade de uma preparação que viesse a suprir as lacunas acumuladas durante as trajetórias escolares dos jovens quilombolas desde a educação básica, com todas as dificuldades impostas pelos péssimos serviços públicos. Os outros obstáculos são: às grandes distâncias, escolas fora das comunidades, preconceito, pobreza e falta de recursos básicos, como transporte escolar e energia elétrica nas casas. “O povo organizado superou e venceu! Está é a nossa proposta para todos os pobres do Brasil: vamos nos organizar e vencer! Tudo isto só foi possível por causa da conquista das cotas que eliminou a concorrência injusta com os alunos ricos que tem dinheiro para pagar as melhores escolas”, afirmou o Frei David.
Fonte: Frei David Santos OFM