Eles trancafiam a verdade em manchetes colossais de um pseudo desenvolvimento. Soltam rojões a luz do dia desrespeitando as mortes que acontecem, agora às três horas da tarde, em qualquer esquina da Cidade Sorriso.
São mortes naturalizadas desmoralizando um estado, que de tão pequeno ,deveria ter soluções efetivas para conter o banho de sangue que ronda nossas vidas e tantas outras desprotegidas.
Vidas, muitas delas amordaçadas pela pobreza.
Vidas soterradas sob o indiferente balbucio político.
Estamos desterrados em nossa própria terra ,como diria Sérgio Buarque de Holanda.
Desterrados sob barracas que fervem até 40º graus centigrados em temperatura ambiente. Tetos que desabam.
É uma enchente de descaso com uma população que de tão pobre acostumou-se com o “Deus proverá”.
É o hiato entre as possibilidades das políticas públicas e as oportunidades pessoais das políticas assistencialistas: ”Eu mato a sua fome e você alimenta meu harém político”.
As casas são promessa de amanhã. O verbo no gerúndio. E lá se vão oito meses de descaso no estado federalizado.
Quem sabe o Gugu Liberato não resolveria? O Programa do Gugu faz pronta entrega de casa até 07 dias.
A violência em Alagoas tem produzido fraturas sociais impositivas e expostas.
Vidas espremidas entre o nada e o ocaso.
Eles nos enganam com tamanha desfaçatez que de tanto repetir as fórmulas mágicas das pseudo verdades , Eureka! Elas se tornam verdadeiras.
Estamos no olho do furacão, populações despossuídas do livre direito de ir e vir.
A violência forte e gratuita faz um derrame do medo.
Não estamos no rumo certo!
Viver atualmente em Alagoas é como assumir uma herança mórbida de grades nas postas e cercas elétricas na alma.
O estado alagoano tem o dever de proporcionar as muitas e tantas pessoas habitantes deste pedaço esquecido ,das terras de Cabral um bem estar social que vá além da mera sobrevivência.
Está difícil manter-se vivo em Alagoas.
No trajeto que fiz do Centro da cidade até o refúgio da casa, vi mais um corpo morto.
Exposto a curiosos.
Mais uma mãe que chora.
Mais um corpo morto.
Mais um.
Até quando?