"Você não sabe o que é andar na rua e dar de cara com quem matou seu irmão"

15/02/2011 02:26 - Polícia
Por Redação

A reabertura do processo referente ao assassinato do bancário Dimas Holanda, ocorrido em 3 de abril de 1997, após o ex-deputado estadual João Beltrão - antes com foro privilegiado -descobrir que a vítima tinha um caso com sua amante, Clécia de Oliveira, ex-miss União dos Palmares e do qual o parlamentar é acusado de ser autor intelectual, deixa a família da vítima esperançosa acerca da punição dos envolvidos, mesmo depois de 12 anos do crime. O ex-deputado já teve a prisão decretada pelo envolvimento na morte do Cabo Gonçalves.

Segundo um dos irmãos de Holanda, que preferiu não ter a identidade revelada, a família confia na 17° Vara para que a prisão dos demais envolvidos na morte do bancário também seja decretada, entre eles Eufrásio Tenório Dantas, “Cutita”, Daniel Luiz da Silva Sobrinho, Paulo Nei, Valdomiro dos Santos Barros, José Carlos Silva Ferreira, o “Ferreirinha” e Valter Dias Santa Filho, o “Valter Doido”. Ele lamentou o fato de ter que encontrar com os executores do irmão na rua e saber que eles estão em liberdade.

"Temos certeza que agora todos os acusados serão punidos, porque os juízes da 17° Vara são pessoas idôneas e não vão deixar passar essa oportunidade. Uma vez precisei comprar uma bateria e sem saber entrei na loja do Cutita. Levei um susto, foi muito constrangedor, embora nossa família nunca tenha apontado culpados. O próprio ex-coronel Cavalcante revelou tudo e ganhou a delação premiada. O João Beltrão confidenciou ao Maurício Breda, durante uma festa, a autoria do crime. O juiz se colocou à disposição para depor, já que o ex-governador Manoel Gomes de Barros, seria acusado injustamente.

O irmão de Dimas Holanda afirmou que os parentes nunca receberam nenhum tipo de ameaça dos assassinos, contando que após a morte do bancário a família de desestruturou e seu pai foi uma das pessoas que mais sofreu. “Antes éramos sete filhos, mas não foi só a vida do Dimas que eles tiraram.Nesse tempo de espera por justiça vi meu pai envelhecer 30 anos. Nossa família é pacata, nunca teve problemas em São José da Laje ou aqui em Maceió. Ninguém imaginava que uma tragédia dessas fosse acontecer”,destacou.

Ele afirmou que além dos acusados citados no inquérito, Clécia de Oliveira, supostamente o pivô do crime, também deveria ser presa. “Ás vezes minha família encontra com ela em União. Não posso dizer que ela sabia de tudo que ia acontecer com meu irmão, só sei que ele foi no apartamento dela e quando o João Beltrão descobriu deve ter ouvido uma boa história para ficar com tanto ódio do Dimas e matar ele assim, por nada. Também queremos que o sigilo telefônico seja quebrado, o que não aconteceu na época. Acho que a polícia iria descobrir mais coisas”, destacou.

 

O crime

 

O bancário Dimas Holanda Fonseca, de 34 anos, foi morto com 11 tiros no final da tarde do dia 3 de abril de 1997 em uma rua do Conjunto Santo Eduardo, em Maceió. Os autores materiais teriam usado um veículo de propriedade do parlamentar para executar a vítima. Para embasar a denúncia a Procuradoria Geral de Justiça anexou os depoimentos feitos por quatro irmãos da vítima, o coronel da reserva da Polícia Militar Nerecinor Sarmento, o ex-tenente coronel Manoel Cavalcante – que prestou as informações aos juízes da 17ª Vara Criminal da Capital.

Segundo o depoimento do ex-coronel Manoel Cavalcante foram usados três carros para executar Dimas Holanda, sendo uma camionete D-20, de cor escura, de propriedade do João Beltrão, um Fiat Uno e um outro carro, um VW Golf, todos de cor escura. Segundo ele, quem estava dirigindo a camionete era o elemento "Cutita", que responde um processo. Já o Fiat era dirigido pelo sargento Daniel, irmão de Silva Filho e o Golf era conduzido pelo soldado PM Paulo, que está preso no Estado do Tocantins.

O ex-coronel revelou ainda, que João Beltrão tinha um apartamento no edifício Charles Chaplin onde vivia com Clécia, que tinha um caso amoroso com uma cafetina chamada Ana Angélica e ainda, que o parlamentar não sabia que a amante era lésbica. Dentre os homens com os quais ela fazia programas, estava Dimas Holanda. O ex-deputado teria flragrado Holanda e Clécia no apartamento, que disse que o bancário vivia dando em cima dela.

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