PF prende 30 em megaoperação; 22 são policiais

11/02/2011 10:40 - Polícia
Por Redação

A Polícia Federal no Rio de Janeiro prendeu, nesta sexta-feira, 30 pessoas na Operação Guilhotina, que investiga 32 policiais suspeitos de envolvimento com o tráfico de drogas, milícias e jogos, entre outros crimes. Entre os presos, 16 são policiais militares, seis são policiais civis e outros seis são informantes.

Ainda restam 15 mandados de prisão a serem cumpridos. Os números foram divulgados nesta manhã pelo secretário de Segurança Pública do Estado, José Mariano Beltrame. "Não vou abrir mão de qualquer tipo de parceria e de quem quiser me ajudar. Dou graças a Deus de ter encontrado parceiros e de ter dado respostas a problemas que afligem a muito tempo essa cidade. Nenhuma polícia no mundo com problemas ressurgiu sem fazer esse tipo de serviço", declarou Beltrame.

"É claro que os cidadãos se chocam quando quem deveria combater o crime está ao lado dele. Por outro lado, a palavra deste momento é satisfação, em razão da integração entre as instituições, a Secretaria de Segurança, as polícias do Estado e Federal, no combate ao crime e aos maus policiais", afirmou o delegado Angelo Fernando Gioia, superintendente da PF, em entrevista coletiva. "A movimentação no Alemão também ajudou nas investigações. O volume de apreensões lá foi muito grande e houve desvios. Muito 'sobrou', e eles (os policiais) revenderam. Muito foi apreendido e imediatamente subtraído", acrescentou Gioia.

O procurador-geral de Justiça, Cláudio Soares Lopes, exaltou a operação. "É uma virada de página na história da polícia, com a prisão preventiva desses marginais. E a oitiva de mais testemunhas pode resultar em novas prisões", afirmou.

Chefe de Polícia depôe; subsecretário será exonerado
O chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, delegado Allan Turnowski, chegou na manhã desta sexta-feira à sede da Polícia Federal, no centro da capital fluminense, para prestar esclarecimentos em função da Operação Guilhotina. A PF convocou Turnowski para obter informações que auxiliem as investigações. Ele não é investigado no caso.

O Subsecretário de Operações da Secretaria Especial da Ordem Pública do Rio de Janeiro (Seop), delegado Carlos Antônio Luiz Oliveira, que tem prisão preventiva decretada pela Justiça, teve sua exoneração anunciada nesta manhã, diante de denúncias que ligam seu nome à operação. "É imperdoável", disse Beltrame, sobre conduta do subsecretário. "É muito triste, decepcionante. Ele tem uma história na polícia", lamentou o secretário de Segurança Pública.

Procurado em casa nesta manhã por agentes da PF, Oliveira não foi encontrado e é considerado foragido. Ele deve ser exonerado pouco mais de um mês depois de ter assumido o cargo, em janeiro deste ano. A Seop não soube informar ao Terra de quais crimes específicos é acusado o ex-subsecretário. De acordo com a Seop, a exoneração de Oliveira deve ser publicada no Diário Oficial na segunda-feira.

A delegada titular da 22ª DP do Rio de Janeiro (Penha), Márcia Beck, foi detida e encaminhada para a superintendência da PF para prestar esclarecimentos sobre o suposto envolvimento de policiais daquela distrital com milícias, contravenção e tráfico de drogas, entre outros crimes. Agentes da PF realizaram mandados de busca e apreensão na 22ª DP. Pelo menos três policiais da delegacia têm mandados de prisão expedidos pela Justiça. Armários e veículos foram revistados, e uma caixa de munição, documentos e objetos dos suspeitos foram apreendidos para averiguação.

Na 17ª DP (São Cristóvão), outra delegacia alvo de buscas, nada foi apreendido. A distrital havia sido fechada nesta manhã para as investigações, mas já foi reaberta.

Operação mobiliza 580 homens
A Operação Guilhotina foi deflagrada pela PF na manhã desta sexta-feira, com o apoio de 200 agentes da Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP) e do Ministério Público Estadual (MP-RJ). O objetivo é cumprir 45 mandados de prisão preventiva - 11 contra policiais civis e 21 contra policiais militares -, e 48 mandados de busca e apreensão.

Cerca de 380 homens da PF participam da ação, que ainda investiga a ligação dos policiais com venda de armas e informações e o chamado "espólio de guerra", a apropriação de produtos de crime encontrados em operações policiais.

As investigações iniciaram a partir de vazamento de informações numa operação policial conduzida pela PF em 2009, cujo principal objetivo era prender o traficante Rupinol, que atuava na Favela da Rocinha ao lado de Nem, apontado como o chefe do tráfico na comunidade. A partir daí, duas investigações paralelas foram iniciadas, uma da Corregedoria Geral Unificada da SSP e outra da Superintendência da PF. A troca de informações entre os serviços de inteligência das duas instituições culminou no trabalho conjunto desta manhã.

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