O lançamento da Campanha Nacional “Por uma infância sem racismo” promovido pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) em parceria com várias instituições foi lançada,em Alagoas, no Parque Memorial Quilombo dos Palmares, alto da Serra da Barriga, dia 03 de dezembro de 2010.
Crianças diferentes e diferenciadas subiram à Serra para celebrar o grito da liberdade como quebra de paradigmas, tendo como pressupostos as ações concretas de combate ao racismo que esfacela auto-estima da e na infância.
Passados dois meses a campanha, como tantas outras, agoniza no sedentarismo de ações.
O quê de concreto já foi realizado em Alagoas em nome da citada campanha?
O combate ao racismo deve ser planejado de maneira coesa e articulada para que não caímos na equação enganosa do imediatismo midiático.
A Campanha Nacional “Por uma infância sem racismo” urge desenquadra-se e estabelecer relações perduráveis como política de estado.
A ausência explicita e contraditória de uma política para a promoção da igualdade racial na República dos Palmares mimetiza qualquer ação étnica.
Há a manipulação sistêmica da elite alagoana, instalada no poder, que com estratégias habilidosas expande o terreno da colonização para o universo dos pobres de pele preta ou parda.
Alagoas é o estado com a maior taxa de pobreza extrema e a maior taxa de pobreza absoluta em território nacional e dentre o percentual dessa miserabilidade provocada, a grande maioria tem a pele da abolição inconclusa de 1808.
Ações perduráveis são aquelas que estabelecem conteúdos transformadores das imensas lacunas de desconhecimento em um leque de possibilidades, de aproximações e conhecimentos humanizantes.
A história do negro em Alagoas, ainda, ocupa vastos terrenos de esterilidade sob a ótica das condutas e decisões coletivas, como um balbucio insignificante sobre fatos e personagens.
É preciso capturar o universo de legitimação da população de pele preta e parda nas terras e das amplas maiorias minorizadas.
É preciso aprender a ler a história de Alagoas em todos os seus capítulos.
É preciso fazer valer a proposta da campanha lançada na Serra para que o grito de liberdade do Quilombo dos Palmares não continue a ser utilizado como uma simples metáfora.
Como figuração política!