O clima é tenso nas unidades do Sistema Prisional de Alagoas. Cerca de 150 Policiais Militares do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e do Tático Integrado de Repressão Especiais (Tigre), além da Força Nacional de Segurança foram designados pelo Governo do Estado para que assumam o comando dos presídios. A determinação partiu da Secretaria de Defesa Social do Estado.

A decisão acontece uma semana após os agentes penitenciários deflagrarem uma greve, por tempo indeterminado. A categoria pleiteia reajuste salarial e melhores condições de trabalho. Eles alegam que não recebe reajuste há exatos quatro anos.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários de Alagoas, Jarbas Souza, policiais do Bope estão em frente às unidades desde as 6 horas da manhã de hoje. “Eles estão com armamentos de guerra e a postos para invadir os presídios, mas os agentes não irão permitir essa ação de um governo que não tem a capacidade de dialogar”.

O sindicalista disse ainda que os próprios detentos não concordam com a entrada do Bope nas unidades e isso pode acarretar em motins. “O Governo pretende com essa milícia armada promover carnificina nos presídios. Vamos resistir e não permitiremos que eles invadam as unidades”, declarou Jarbas Souza, acrescentando que o clima vai ficar ainda mais tenso e pode acontecer um confronto entre agentes e policiais.

A assessoria da Polícia Militar de Alagoas informou que a ordem que partiu do Governo é para que tanto Bope quanto Força Nacional reforcem a segurança das unidades prisionais, para garantir a tranquilidade nos locais e evitar que fugas ou motins voltem a acontecer, já que os agentes continuam em greve.

Em Arapiraca, Pelopes e Tigre já ocuparam nas primeiras horas o Presídio Desembargador Luís Oliveira Souza e já fizeram a destranca das celas, onde presos puderam ter direito ao banho de sol. Outra unidade que já foi 'invadida' pelos PM' foi a Casa de Detenção de Maceió, o Cadeião.

A reunião ocorrida durante esta semana entre agentes e Governo não trouxe acordos. Não houve consenso em relação a proposta apresentada pela Intendência Geral do Sistema Penitenciário (Igesp). “A proposta deles foi um complemento salarial de R$ 200,00. Isso não é reajuste e não aceitamos. Tínhamos uma assembleia geral marcada para hoje e acabamos sendo surpreendidos com essa ação”, colocou.

As informações da Intendência Penitenciária é de que mesmo com o diálogo com os agentes, as greve ficou mantida. O valor apresentado pela Igesp passaria dos R$ 100,00 para R$ 300,00.

Rebelião

Por conta da decisão, os detentos iniciaram uma rebelião no Presídio Baldomero Cavalcanti, nos módulos I, II e V. Ainda não há informações de feridos, mas a movimentação é intensa.

De acordo com o intendente da Igesp, não houveram feridos apenas danos materias, já que os detentos quebraram tudo no local, até mesmo eletrodomésticos que pertencem aos reenducandos. Eles destruíram ainda vários colchões.

A greve

E mesmo com a ilegalidade da greve decretada pelo Tribunal de Justiça de Alagoas, através da desembargadora Elizabeth Carvalho, a categoria não interrompeu a paralisação, que teve início no último sábado (15).

Dentre as reivindicações, está a melhoria salarial. O salário-base de um agente é de R$ 997,50, e é um valor considerado muito baixo pela categoria. Eles afirmam ainda que o vencimento esteja defasado há pelo menos três anos e a reivindicação é uma reposição de 110%. A justificativa é de que o trabalho desenvolvido por eles além de altamente perigoso, além do risco de vida, que é evidente.

Na próxima segunda-feira (24), o Comandante Dário César vai representar o Governo do Estado numa reuniãio com a categoria.