“A PF na atual administração optou por trabalhar em silêncio”

13/12/2010 02:19 - Polícia
Por Redação
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O superintendente da Polícia Federal em Alagoas Amaro Vieira avalia como “uma administração de sucesso” o tempo em que está à frente da PF no estado. Em entrevista ao CadaMinuto, o delegado falou sobre as ações da Polícia Federal, tráfico de drogas, sintonia com as demais Polícias e sobre a postura adotada por ele desde que assumiu o cargo, em setembro de 2009, que é a de “trabalhar em silêncio”.

Vieira afirmou ainda que a presença do estado é a solução pontual para diminuir a violência em Alagoas. O superintendente disse também que o efetivo da instituição é pequeno no estado, mas garante que isso não tem atrapalhado o andamento das investigações.

CadaMinuto – O senhor já está há mais de um ano à frente da Superintendência da Polícia Federal em Alagoas. Como avalia sua gestão?
Amaro Vieira –
Nesse ano nós podemos afirmar que foi uma administração de sucesso que venceu diversas dificuldades. Numericamente é possível comprovar que houve um avanço na área de inteligência, no sucesso das operações realizadas e no número de investigações concluídas no corrente ano.

CM – Quando o senhor fala em dificuldades, ao que o senhor se refere?
AV –
A primeira dificuldade era uma questão administrativa, já que o sistema de ar condicionado da superintendência estava sucateado e não funcionava. Foi o primeiro desafio a ser vencido. Nós conseguimos vencer esse desafio até que rapidamente, considerando as condições. A partir da solução desse problema houve um incentivo, um estímulo ao pessoal, altamente capacitado, e passamos a realizar trabalhos e operações, uma atrás da outra com sucesso.

CM – Esse ano houve grandes apreensões de drogas pela Polícia Federal, inclusive de cocaína e pasta-base. Esse tipo de ação foi intensificado em Alagoas?
AV –
A Polícia Federal intensificou os trabalhos nessa área e agora estamos colhendo os frutos. Nós verificamos que houve uma evolução no número de apreensões e prisões por tráfico realizadas no corrente ano. De fato nós temos um grande avanço nessa área, porém há de se observar que, com o maior número de apreensões e prisões, isso não resolve a situação do envolvimento com drogas. Isso porque nós precisamos separar que a atividade policial não tem o condão de solucionar essa questão de drogas, é necessário uma ação ampla do Estado para resolver essa situação tanto na prevenção quanto no trato das pessoas que se acharem viciadas.

CM – O senhor tem dados sobre o aumento das apreensões de drogas em Alagoas nos últimos anos?
AV –
De 2004 a 2010 em matéria de cocaína houve uma grande evolução nas apreensões em Alagoas. Partimos de 20 quilos e chegamos à ordem de 120 quilos. Houve um pico em 2007, uma queda em 2008, ampliou em 2009 e 2010 já é o maior número. Houve um acréscimo de prisões e de quantidade de drogas apreendidas no estado.

CM – Em relação às eleições, apesar de Alagoas ter um histórico de violência nesse período, esse ano não houve crimes violentos ligados à realização do pleito. A que o senhor atribui essa tranquilidade nas eleições em Alagoas?
AV –
Eu atribuo a tranqüilidade das eleições em Alagoas ao planejamento que foi realizado desde janeiro do corrente ano. A Polícia Federal se dedicou a organizar diversas reuniões com as Polícias Civil e Militar, com o TRE e com o Ministério Público Eleitoral no sentido de identificar o que poderia inibir a conduta delituosa. No primeiro turno, tivemos a oportunidade de realizar, pelo menos, 17 prisões em flagrante, o que é um número bastante expressivo. Já no segundo turno foram três ou quatro casos. A nossa avaliação é que as eleições foram tranquilas e isso se deve ao planejamento e à ação firme dos órgãos competentes em sintonia.

CM – Como está o andamento dos inquéritos instaurados a partir dessas prisões?
AV –
Os flagrantes geraram inquéritos, muitos foram concluídos e nós repassamos para o Ministério Público Eleitoral e o assunto está em apreciação judicial.

CM – Na gestão anterior da Superintendência da PF no estado, houve uma grande ação da Polícia, que foi a Operação Taturana. Depois da operação, a população ficou na expectativa de mais operações da PF. Como o senhor avalia essa situação?
AV –
A Polícia Federal na atual administração optou por trabalhar em silêncio. Ela não joga para a torcida, não joga para a população. Ela faz um trabalho eficaz e para garantir a eficácia das ações da Polícia Federal é preciso sigilo, por isso não poderemos sair anunciando que vamos prender A, B ou C sob pena de prejudicar o resultado do trabalho. O que dá para afirmar é que a Polícia Federal continua trabalhando e quando for possível, quando tivermos os resultados, isso vai aparecer naturalmente. Agora a diretriz de trabalho não é aparecer, a Polícia Federal quer trabalhar em silêncio de modo eficaz e recomendo essa conduta para todos aqueles que atuam na área de segurança pública.

CM – Na opinião do senhor, qual a importância da integração das Polícias em Alagoas no enfrentamento à criminalidade?
AV –
Essa sintonia com as demais Polícias é importantíssima, eu diria que ela é vital para o sucesso das nossas operações. Diria ainda que essa sintonia é necessária não apenas com as demais Polícias, mas é essencial com o Ministério Público, Judiciário, com a CGU e com todos os órgãos que de alguma forma, direta ou indireta, fiscalizam a aplicação de recursos públicos e cuidam da segurança pública em sentido amplo. Então, eu busco essa sintonia, inclusive com o município, e isso é essencial. Se Alagoas quiser resolver o problema de segurança é necessário trabalhar em equipe, trabalhar em sintonia com os diversos órgãos.

CM – De maneira pontual, o que o senhor acredita que poderia ser feito para diminuir a criminalidade em Alagoas?
AV –
Presença do estado, atuação do estado naqueles pontos mais críticos é a solução para a questão. Nós temos exemplos clássicos no Rio de Janeiro, onde o estado interferiu em determinada área, assumiu o controle e a situação mudou. Essa é uma regra válida para o Brasil inteiro e naturalmente para Alagoas. Evidentemente que eu não vou dar pitaco naquilo que é de competência da Secretaria de Defesa Social, lá nós temos pessoas sérias e competentes que, com certeza, estão fazendo aquilo que é possível. Mas, é certo que há a necessidade de investimento em segurança pública, se o estado de Alagoas ainda não o fez o quanto antes, eu acredito que tenha sido porque ainda não foi possível fazer, mas acredito que o fará. São necessários investimentos, aumento do efetivo, equipamentos, capacitação do pessoal para dar solução a essa questão de segurança.

CM – Em relação ao efetivo da Polícia Federal em Alagoas, ele é suficiente para atender às demandas do estado?
AV –
O efetivo da Superintendência da Polícia Federal em Alagoas é insuficiente, demandaria dobrarmos o efetivo, mas com esse diminuto efetivo nós estamos operando no máximo da capacidade. Nós estamos realizando o dobro de possibilidades. Então, respondendo objetivamente, o efetivo é insuficiente, mas o esforço, a dedicação e o empenho do pessoal têm suprido essa carência e nós estamos dando conta do recado.

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