Na tarde desta quinta-feira (24), após a operação Leão de fogo ser concluída, ás 14h, em uma ação que envolveu 150 agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) de 14 Estados, o superintendenete da PRF em Alagoas, Gibson Viana, o promotor Edelzito Andrade, o assessor nacional da PRF, Alexandre Castilho e o representante da Secretaria Estadual da Fazenda (Sefaz), Robson Gueiros concederam uma entrevista coletiva na sede do Ministério Público, no bairro do Poço. A 17° Vara Criminal da Capital expediu 30 mandados de busca e apreensão e 15 pessoas foram presas.
Gibson Viana informou que a operação também contou com uma aeronave e um ônibus escritório para ajudar nos trabalhos. Doze postos foram lacrados, além de 150 mil litros de combustível adulterado e e armas, que foram apreendidos. "A operação começou ás 2h da manhã. Nosso efetivo não é suficiente, mas conseguimos fazer um bom trabalho", destacou.
Já o assessor nacional da PRF disse que se fosse para eleger alguém por merecimento, seria a sociedade alagoana, que denunciou e acreditou no trabalho da instituição. "A operação aconteceu em postos novos, bem estruturados. Lá, eles mantinham bombas por trás do estabelecimento onde o álcool era misturado à água, o que danifica as peças dos automóveis. Era coisa de profissional", destacou Castilho.
Segundo Robson Gueiros, só em uma empresa fantasma em Arapiraca foram adquiridos cinco milhões de litros de álcool, vindos de São Paulo e Minas Gerais, sonegando impostos. Segundo informações, não há comprovação da participação de políticos ou indústrias na fraude. O caso corre em segredo de justiça.
Operação
Divididos em 40 equipes, os agentes amanheceram em 12 municípios alagoanos, como Arapiraca, Pilar, União dos Palmares, Atalaia, Barra de São Miguel, além de Maceió. Nestas localidades, empresários, caminhoneiros e funcionários de postos de abastecimento operavam um amplo esquema de sonegação fiscal e adulteração de combustíveis.
De acordo com as investigações, os acusados fraudavam mais de 6 milhões de litros de álcool por ano. Em algumas situações, caminhões de combustível circulavam pelas rodovias com notas fiscais adulteradas, ou simplesmente fugiam da fiscalização.
“Transportadores de combustível entravam até cinco vezes em Alagoas, sempre apresentando a mesma nota fiscal. Em outros casos, cargas de álcool-combustível saíam das usinas de cana-de-açúcar com destino a fábricas de aguardente, mas eram desviadas para distribuidoras e postos de abastacimento”, afirma o inspetor Moisés Dionísio, chefe da Divisão de Combate ao Crime da PRF.
A sociedade teve papel decisivo para o início dos trabalhos que culminaram na ação desta quarta-feira. Após as operações Paracelso e Golfo Pérsico, realizadas pela PRF em 2008 e 2009, respectivamente, os telefones de contato da Polícia Rodoviária Federal em Alagoas passaram a receber denúncias frequentes sobre adulteração de combustível. A partir destas informações, a PRF providenciou o levantamento de dados e solicitou apoio da Secretaria da Fazenda de Alagoas. Em dois anos de apuração, não só foi comprovado o teor das suspeitas como também a ousadia da quadrilha.
Empresários construíram verdadeiras fortalezas que garantiam a camuflagem da adulteração. Pátios de transbordo protegidos por muros de três metros de altura, casamatas para a proteção de vigilantes, tanques de combustível escondidos em terrenos de difícil acesso davam toque profissional ao esquema fraudulento. De acordo com a Sefaz, os cofres públicos podem ter perdido R$ 10 milhões mensais com a sonegação de impostos.
Presos
Em Maceió, a polícia prendeu em sua residência o empresário Alex Sandro Gomes dos Santos. Durante uma revista no local, os agentes encontraram uma pistola calibre 380, além de 34 munições. A arma foi apreendida e o empresário detido.
Já no município de Arapiraca, foi preso o policial militar Paulo Ricardo Sales. Na mesma cidade foram detidos ainda José Roberto de Souza; Cícero Roni Charles dos Santos, José Batista da Silva Neto – que estava de posse de um revólver – e quatro funcionários de postos de combustíveis, que não tiveram a identidade revelada até o momento. Anderson dos Santos, que estava com duas espigardas, Anderson Alcântara Texeira, gerente do posto de combustíveis, e José Batista da Silva Neto, armado com revólver.
Os empresários Martins Cecato, 64, e Cícero Lopes dos Santos, 33, foram detidos em um posto de combustíveis na cidade de Rio Largo. Além das prisões, os agentes apreenderam no local máquinas caça-níqueis. Já Severino Trimas dos Santos foi detido na Barra de São Miguel.
Em Campo Alegre, duas pessoas foram detidas na Fazenda Roncador, em Campo Alegre. Elas foram identificadas como Laelson Adriano dos Santos, o gerente da fazenda, e Antônio Rocha. No local, a polícia apreendeu três espingardas de calibre 12.
Os presos na Operação Leão de Fogo responderão por sonegação fiscal, falsificação de documentos públicos, formação de quadrilha e adulteração de combustíveis. Todos foram apresentados à Polícia Civil de Alagoas e agora ficam à disposição da justiça estadual.
Atualizada ás 16:42