A Polícia Federal do Piauí efetuou a prisão de 10 pessoas no Estado - entre eles um juiz, empresários, advogado e lobistas - acusados de crime de grilagem de terras. A operação batizada de "Mercadores" cumpriu mandados de prisões no Piauí, Bahia, Minas Gerais e Distrito Federal. A quadrilha atuava no Sul do Estado e comercializavam terras pertencentes ao governo.
O presidente do Tribunal de Justiça do Piauí (TJ-PI) - em exercício - desembargador Luiz Gonzaga Brandão de Carvalho, expediu os mandados de prisões e em coletiva disse que a operação foi "vitoriosa". O juiz do município de Paranaguá (PI), Carlos Henrique Teixeira, foi preso. Teixeira é acausado de venda de sentença e tráfico de influência.
"Há indícios de que o juiz teria usado o seu poder para a venda de sentença e concedido liminares que beneficiavam integrantes da quadrilha", afirmou o desembargador, durante coletiva na sede do TJ.
O desembargador do TJ destacou ainda que estava fazendo uma "cirurgia moral" no poder e que é preciso "cortar na própria carne" para evitar transtornos.
O superintendente da Polícia Federal, Marco Antônio Farias, informou que a investigação já dura sete meses e que escutas telefônicas incriminam os presos. "Estamos fazendo uma investigação sobre tráfico de entorpecentes quando se percebeu o envolvimento de um magistrado com exploração de prestígio e tráfico de influência", disse.
A PF apura que a quadrilha pretendia lucrar em mais de R$ 30 milhões com a grilagem de terras no Piauí.
A promotora de justiça, Ana Isabel Mota Dias, que acompanha o caso, afirmou que a investigação ainda não detectou o volume de terras griladas. "Há indícios de que a comercialização dessas terras estava ocorrendo para outros Estados".
Foram cumpridos também 19 mandados de busca e apreensão em Corrente (PI), Parnaguá (PI), Barreira (BA), Governador Valadares (MG) e Distrito Federal. A quadrilha vai responder por crimes de falsidade documental, estelionato, venda de liminares e sentenças, tráfico de influência, corrupção ativa e passiva.