O Cada Minuto fez uma série de entrevistas com moradores de rua, que recentemente foram cadastrados pela prefeitura de Maceió e outras entidades na busca de informações sobre qual a opinião deles acerca das 31 mortes relacionadas a eles.

Nestas entrevistas, algumas delas gravados no vídeo a seguir, é possível entender que eles próprios adimitem que dívidas de drogas, mais precisamente do crack, são as principais causas das mortes.

Andando por Maceió já é comum observar o consumo da droga à luz do dia. É normal notar moradores de ruas com latinhas ou cachimbos se drogando. Conversamos com uma mulher que teve o marido, que também era morador de rua, assinado no bairro da Ponta Verde.

Ela não quis se identificar, como medo de morrer, mas revelou que o esposo, José Sergio, o “Sergio Cotó”, morto por dois homens em uma moto, era usuário de drogas. ”Não sei o motivo da morte, ele nunca me falou nada da vida dele, mas sei que era usuário do crack”, revelou

Depois da morte de Sergio, a esposa perdeu o sossego em dormir em baixo de marquises de estabelecimentos comerciais, quando chega a noite. “Eu não durmo, amanheço e anoiteço, só durmo de dia”. Perguntamos o motivo e ela respondeu: medo de morrer. “Um absurdo, pois para todos os efeitos temos vida, não somos animais para alguém chegar e matar como galinha”, desabafou a viúva.

Outra moradora de rua, identificada por Sara Cleide dos Santos, explicou que a maioria das mortes está acontecendo porque usuários não estão acertando os débitos com os vendedores de drogas. “Usuário nenhum deveria dever droga. Se deve droga, ele está colocando a vida em risco”, contou.

Ainda com informações de Sara, existem rivalidades entre eles. “Quem mora na rua não tem amigos, todos são ‘trairas’, até alguém da turma pode fazer uma armadinha. Nenhum usuário é amigo do outro, quem usa droga é capaz de levar o outro à morte”, declarou Sara, que deixou sua cidade natal de Ibateguara, interior de Alagoas, para tentar conseguir um emprego, na capital.

A morte de uma pessoa que mora na rua pode acontecer até por  R$30. Num levantamento, descobrimos que a maioria das mortes dessas 31 pessoas aconteceu nas sextas e segundas-feiras, dias em que os usuários são cobrados para pagar as dívidas.

O aposentado Paulo Lopes tem 65 anos e mora na rua Jangadeiros Alagoanos, no bairro da Pajuçara. Ele teve a residência roubada quatro vezes em um curto espaço de tempo e atribui a culpa aos moradores de rua e a falhas da polícia.

“Esses moradores de rua que estão aparecendo mortos, todos estão com dívidas. O que ocorre é o seguinte: nós somos roubados, vamos à delegacia fazemos o B. O. e morreu aí. O problema é a polícia que não está trabalhando”, falou o aposentado.

Da casa do idoso levaram aparelhos de DVD, celulares, televisão e outras coisas. Paulo Lopes reconheceu os autores do crime, foi até uma delegacia e os policias informaram que não podiam fazer nada, porque o crime não ocorreu no mesmo dia. “Em Maceió não existe morador de rua, são todos ladrões de ruas e usuários de drogas”, finalizou.

 

Efeitos do crack, responsável por diversas mortes

O consumo do crack é maior que o da cocaína, pois é mais barato e seus efeitos duram menos. Por ser estimulante, ocasiona dependência física e, posteriormente, a morte por sua terrível ação sobre o sistema nervoso central e cardíaco.

Devido à sua ação sobre o sistema nervoso central, o crack gera aceleração dos batimentos cardíacos, aumento da pressão arterial, dilatação das pupilas, suor intenso, tremores, excitação, maior aptidão física e mental. Os efeitos psicológicos são euforia, sensação de poder e aumento da auto-estima.

A dependência se constitui em pouco tempo no organismo. Se inalado junto com o álcool, o crack aumenta o ritmo cardíaco e a pressão arterial o que pode levar a resultados letais.

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