O I Seminário Nacional de Educação Quilombola: “Territórios e Territorialidade da Educação Quilombola", que acontece aqui em Brasília, no Hotel Academia de Tênis Resort, expõe a face cruel da invisibilidade das comunidades de remanescentes quilombolas em Alagoas.
Espaço legítimo de discussão e subsídios para construção de   um plano nacional de educação quilombola, como também propiciar novos aprendizados com a troca de experiências , o Seminário Nacional só conta com a presença de um único quilombola de Arapiraca.
Segundo a organização, enquanto Alagoas não deu retorno aos convites enviados, no Espírito Santo sobraram participantes.
É o mês de novembro em que instituições e poderes constituídos, que ao longo dos 365 dias, ignoram a condição de subalternidade do povo negro alagoano, pontua uma agenda festiva.
O que Alagoas tem para comemorar nesse 20 de novembro?
Já tivemos tempos mais fartos de ebulição consciente.
Hoje a política governamental em relação ao povo negro é a de pão e circo. Política de pão e circo ou os brioches de Maria Antonieta.
Quais as reais políticas para inserção do povo negro nos espaços sociais?
E a Lei n 10.639/03 que não sai do papel atravessando uma estrutura educacional previamente arquitetada. É um pingue-pongue do faz-de-conta, um bocado suculento da omissão nossa de cada dia.
E a Lei Estadual n 6.814;07 que jaz esquecida na mármore fria dos poderes ditatoriais , como áspera censura do pai-patrão.
Há uma conivência simbiótica de algumas representações do movimento social negro alagoano com a inércia do estado.
O estado faz o papel que lhe cabe enredado em sua zona de conforto institucional.
E nós, o povo negro nos calamos ao compactuar com cheiros e memórias do Brasil de Cabral.
Em Alagoas pobre, negro, homossexual, índio e mulher são produtos da indiferença estatal como quinquilharias baratas.
O 20 de novembro em Alagoas é o dia da crítica provocativa, aquela que investiga a condição de vida da comunidade de remanescentes de quilombola no Muquém, em Palmares de Zumbi.
Uma comunidade esfacelada pelas águas que a barragem vomitou. Uma comunidade que passados 5 meses da calamidade das águas, ainda vive em barraca de lona.
Comemoração?
O que é consciência negra? Um jogo de palavras?