Socializando e-mail recebido, com texto escrito por  uma figura notável  e humana, por quem tenho um carinho muitíssimo especial que é  nosso arcebispo, Dom Antonio Muniz.

 “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (João 10,10)
O Arcebispo de Maceió, comovido diante das inúmeras mortes dos moradores de rua sente a responsabilidade de declarar o que se segue:
É do conhecimento público que 30 (trinta) moradores de rua foram assassinados este ano em Alagoas – 29 (vinte e nove) em Maceió e 1 (um) em Arapiraca – e que até agora as investigações não deram nenhum resultado. A Arquidiocese de Maceió não pode deixar de erguer sua voz e denunciar energicamente esta situação.
A Igreja acompanha este longo e doloroso calvário de nossos irmãos e irmãs que vivem nas ruas. Inúmeras vezes, de forma pública e privada, dirigindo-se às autoridades sem obter resposta.
A Igreja Católica ergue sua voz porque se sente ferida em sua missão de proteger a dignidade humana que considera sagrada, porque procede de Deus, sua Testemunha e Juiz.
Consterna-se, ademais, por essa forma de extermínio que sofrem os povos da rua, o que é uma ofensa à sensibilidade dos que amam este Estado e desejam caminhos de respeito e justiça que conduzam a uma convivência fraterna. Essas mortes, lamentavelmente, contribuem para deteriorar a imagem de Alagoas diante do país e do mundo.
Estas mortes nos devem fazer tomar consciência de tantas violações, agressões e ameaças que os moradores de rua sofrem. Com que freqüência se ofende a dignidade humana! Todo ser humano é filho de Deus. E nenhuma organização, nenhuma pessoa tem o direito de perseguir, maltratar, violentar ou matar alguém.
Partilhando da dor destes irmãos que vivem e sobrevivem nas ruas, pedimos:
1. Que em nome de Deus respeitem a vida e a integridade física de nossos irmãos moradores de rua.
2. Que as autoridades, encarregadas de velar eficazmente pela segurança das pessoas e do bem comum, que investiguem com seriedade estes fatos tão dolorosos, evitando que os autores permaneçam na mais absoluta impunidade.
3. Que os católicos de nossa Arquidiocese e as pessoas de boa vontade contribuam, com suas atitudes, a criar um clima de verdadeira fraternidade e de efetiva justiça, pois acreditamos que ainda é tempo de reiniciar um novo caminho rumo à convivência social justa e fraterna e rumo à paz que todos nós almejamos.

Exortamos todos a defender a vida. A fé em Jesus Cristo nos impele a criar com nosso esforço, nossa união e nossa capacidade de luta, condições de vida em que o respeito, a participação e a justiça sejam algo mais do que palavras. A VIDA É UM DOM DE DEUS. DEVEMOS DEFENDÊ-LA!

Maceió, 28 de outubro de 2010
Dom Antônio Muniz Fernandes, O.Carm
Arcebispo Metropolitano de Maceió