Racialismo no Censo 2010

05/10/2010 19:19 - Adrualdo Catão
Por Adrualdo Catão

Acabo de ver uma propaganda absurda! Taís Araújo aparece dizendo que é negra, que a cor dela é preta. Depois pede aos telespectadores que declarem ao censo a sua cor. Cores predeterminadas, por óbvio! Ou o ser humano é branco, preto, amarelo, pardo ou indígena. E moreninho? Pode não! Marrom? Também não! Mestiço? Mulato? Não!

 

O discurso, por óbvio, dirige-se aos negros. Acredita-se que os negros tenham vergonha de se declararem de cor preta e, por isso, os dados sobre a população negra estariam errados.

Puro preconceito. As pessoas declaram cores as mais variadas porque não dão importância a esse fator. O brasileiro não se vê como uma sociedade multiétnica. Ao contrário, parece que ela se vê como uma sociedade de pessoas “misturadas”. Essa segunda visão, por óbvio está ancorada na biologia, que mostra em suas pesquisas um alto grau de “mistura” genética entre os brasileiros.

Para os racialistas, a mestiçagem brasileira é um claro empecilho à política de cotas raciais. Assim, uma das estratégias é “sumir” com os mestiços. Fazem isso de duas formas. Nos resultados, juntam pardos e pretos e chamam todos de “negros”.

Outra estratégia é essa de agora. Predeterminam as etnias que devem ser declaradas e incentivam a declaração “pura”. Negro deve se declarar preto. Se, para ser honesto, tenho que me declarar preto ao invés de “moreno”, os mestiços tendem a desaparecer.

Isso é uma tática racista adaptada aos novos tempos multiculturalistas. O próprio IBGE deixa claro que a intenção é mapear o Brasil e os brasileiros para “maior detalhamento geográfico da composição étnica da população”. Isso, obviamente, serve à pregação multicultural e à política de cotas baseada na raça.

Isso é um absurdo completo. Estão mesmo querendo oficializar a raça. Querem dividir os brasileiros em etnias para justificar cortes sociais em termos de raça. Todo o mito da democracia racial jogado fora em favor de um novo mito: o da “ditadura racial”. É, amigos. Tanta luta contra o racismo e hoje se usa o Estado para classificar cidadãos quase compulsoriamente.

A única resposta possível é não declarar a cor. Foi o que eu fiz.


Vejam o ótimo "Blog contra a racialização do Brasil"

 

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