El@s vêm sendo mortos. Sistematicamente. Gradativamente ao longo dos últimos sete meses.
Homens e mulheres sob o abrigo da imensidão das ruas maceioenses. Criança abrigada no ventre da mãe. Mortos a pedradas.
A identidade geralmente é desconhecida e quando é conhecida, a ela é incorporada elementos desabonadores. A rua não é mais do povo, pois agora tem a morte premeditada à espreita. Tod@s morador@s de rua. Todo@ invisíveis. São mortes com alvos direcionados, tais quais negr@s no escravismo brasileiro, que agora descansam em paz. Na paz dos cemitérios e do descaso estatal.
Segundo dados de pesquisa,já são em torno de 500, os moradores que habitam as ruas da Cidade Sorriso. Quase um terço da população de Pindoba, o menor município de Alagoas
Ao longo da construção dessa guerra civil, cujo alvo preferencial é a população periférica, pobre e preta, instalada nos muitos recantos das terras de Palmares, fomos agregando a lógica exclusivista da colônia, reduzindo a morte a uma necessária “limpeza” urbana.
Silenciamos diante da brutalidade pois recorremos ao nosso medo do desconhecido, de uma pseudo-segurança para justificar nossa cumplicidade social com a tortura , genocídio assassinato em série.
15 mortos. Serial Killer?
Já pensou se fosse o seu filho ou filha?
Segundo o jornalista Luís Mir, em seu livro “Guerra Civil: Estado e Trauma:” É função destrutiva que o poder exerce por meio da idealização e esta, como instrumento de poder, converte automaticamente seu oposto no antiideal,equivalente ao que deve ser destruído, pois sua existência é contestadora do poder estabelecido. Disto resulta a cultura da aniquilação e sua política de extermínio, que consiste numa formação social que alicerça sua própria coesão ( a identificação entre seus membros) na ideologia do ódio ao outro”
Somos, nós descendentes de Palmares, cúmplices sociais do extermínio das populações marginalizadas e assim, com a simbologia do silêncio social ,ajudamos a limpar a cidade dos “malfeitor@s”.
Quase tod@s pobres, periféricos e pret@s.
É uma limpeza étnica consentida.
Agregamos a vocação do apartheid para semear o caminho do bem.